"O país é rico em provas e não teremos grandes dificuldades em obter justiça", disse o membro da comissão de investigação da ONU para a Síria, Hanny Megally, citado pela agência France-Presse (AFP).
Em 08 de dezembro, após uma ofensiva de 11 dias, uma coligação rebelde dominada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou o governo de Bashar al-Assad, que se refugiou com a família na Rússia.
A queda repentina de al-Assad, em dezembro, após décadas de um regime fechado, permitiu que a comissão tivesse acesso ao país, depois de ter tentado investigar à distância os crimes desde o início da guerra civil, em 2011.
"Foi fascinante estar em Damasco, depois de a comissão ter sido impedida desde o início de aceder ao país", acrescentou Megally, numa visita à Síria, junto de uma associação de correspondentes acreditados.
O comissário reconheceu que "muitas provas (...) foram danificadas ou destruídas" desde a queda de al-Assad, com o acesso da população a prisões e centros de detenção.
No caso da prisão de Saydnaya, um dos principais palcos de execuções extrajudiciais e de torturas contra opositores do regime, esta "foi praticamente esvaziada de todos os documentos".
O membro da comissão acrescentou que existem sinais de "destruição deliberada de provas", dando o exemplo de dois locais em que houve documentação que foi queimada.
Ainda assim, Megally registou que o regime de al-Assad era "um sistema que provavelmente guardava duplicados de tudo, por isso, se as provas foram destruídas, existem noutro local".
"Parece que há muitas provas que estão agora seguras e que esperamos que possam ser usadas no futuro", concluiu.
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