Vladimir Putin voltou a prestar declarações públicas, transmitidas pela televisão estatal russa. O Presidente da Rússia exortou os ucranianos a baixarem as suas armas e classificou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os seus ministros como "uma panelinha de viciados em drogas e neonazis, que se estabeleceram em Kiev e fizeram refém todo o povo ucraniano", cita o New York Times.
Vladimir Putin dirigiu-se esta sexta-feira às forças ucranianas. De acordo com a Reuters, o presidente da Rússia: "Tomem o poder nas vossas mãos. Parece-me que será mais fácil negociar entre mim e vocês".
Putin elogiou ainda o exército russo, que considera estar a ter uma atuação “corajosa e heroica”.
Apesar de Zelensky ter origem judaica, Moscovo chama "neo-nazis" ou "junta" às autoridades ucranianas desde 2014, quando começou a guerra no leste da Ucrânia, entre separatistas pró-Rússia e forças de Kiev.
As acusações de "viciado em drogas" referem-se a declarações feitas pelos detratores de Zelensky durante as eleições presidenciais de 2019, que o Presidente ganhou com larga margem.
A Rússia acusa a Ucrânia de ter integrado nas suas forças armadas unidades próximas da extrema-direita e apontou a "desnazificação" da Ucrânia como um dos objetivos da sua invasão.
Putin acusou hoje essas unidades de agir "como terroristas".
A Ucrânia também comparou as ações da Rússia com as da "Alemanha nazi" durante a Segunda Guerra Mundial.
O apelo de Putin ao exército ucraniano foi feito horas depois de Zelensky ter convocado o Presidente russo para se sentar à mesa de negociações, opção que o Kremlin não descartou de imediato, mas deixou sem resposta clara.
No primeiro dia da invasão russa, na quinta-feira, Zelensky denunciou que o objetivo do ataque é tirá-lo do poder.
"Segundo as nossas informações, eu sou o alvo número um do inimigo. A minha família é o segundo [alvo]. Eles [o russos] querem destruir a Ucrânia politicamente destruindo o chefe de Estado", afirmou.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
As forças russas encontram-se já na capital. Segundo o último balanço, um grupo de militares chegou ao bairro residencial de Obolon, a cerca de 10 quilómetros do centro. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a falta de apoio de outros países e afirmou que as sanções impostas à Rússia "não são suficientes".
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