"Só paramos quando a Ucrânia desaparecer. Cortina de Ferro está de volta"

Assessor de política externa do Kremlin diz que a Rússia atacou Ucrânia porque ambiciona a mudança de regime em Kiev. "O exército russo quer controlar todo o território", assumiu Suslov.

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Notícias ao Minuto
25/02/2022 18:42 ‧ 25/02/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Dmitry Suslov

O assessor de política externa do Kremlin, Dmitry Suslov, disse ontem em entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera que a Rússia só parará "quando a atual Ucrânia desaparecer", anunciando que "A Cortina de Ferro está de volta". 

Suslov não só admitiu que a Rússia não tem intenções de parar, enquanto os objetivos não forem cumpridos, como revelou qual era o objetivo deste ataque: a mudança de regime em Kiev. "Nem mais, nem menos", disse o assessor. 

"Putin deixou claro: os objetivos são a desmilitarização e a desnazificação. O exército russo quer controlar todo o território ou a maior parte dele. Moscovo recusa-se a falar com o governo ucraniano e isso implica que a operação militar continuará e que o resultado que esperamos é o surgimento de um novo país", explicou ainda o político. 

Segundo as explicações do assessor do Kremlin, a Rússia quer um "novo país", mais "amigável e leal, desprovido de ideologia nacionalista e em relações completamente diferentes com o Ocidente".

Acrescenta ainda que a "paciência" de Putin terminou perante as preocupações e demandas "ignoradas" pelo Ocidente e, por isso, decidiu agir "unilateralmente". 

"Estamos em confronto total com o Ocidente, incluindo a União Europeia. Se não é uma nova cortina de ferro, estamos perto. O embate será forte, voltaremos a considerar-nos inimigos. Infelizmente, tudo isto é verdade, mas a liderança russa considera mais importante a resolução da questão ucraniana e está disposta a pagar o preço”, concluiu ainda.

Dmitry Suslov afirma ainda que a Rússia não tem medo de ficar "isolada". 

“O mundo é maior que o Ocidente, que não o domina mais. Não há dúvida de que a Rússia estará politicamente isolada do mundo ocidental e as suas relações serão hostis por muitos anos. Mas não faz sentido falar de isolamento russo na comunidade internacional: as nações que os EUA podem motivar contra a Rússia são uma minoria", aponta Suslov pondo as suas 'fichas' na China, Índia, Oriente Médio, África e América Latina que "não vão isolar a Rússia".

Sobre as sanções energéticas, o assessor político desvaloriza-as afirmando que "será a Europa que usará a arma energética contra si mesma".

"Após o bloqueio do Nord Stream 2 , se o fluir de gás pela Ucrânia se tornar impossível devido à ação militar, os únicos gasodutos ativos serão o Nord Stream 1, o Turkish Stream e um muito pequeno através da Bielorrússia. Quero dizer que a Europa sofrerá não porque a Rússia cortará o fornecimento, o que continuará, mas porque decidiu se privar do Nord Stream 2", acrescenta.

Recorde-se que a Rússia lançou ontem de madrugada uma ofensiva militar contra a Ucrânia com vários alvos ao longo do país. 

Pelo menos 120 pessoas, entre soldados e civis, já morreram em pouco mais de 24 horas e há centenas de feridos.

Leia Também: EUA acreditam que Rússia usa desinformação para desmoralizar tropas

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