À entrada para a sede do Conselho, em Bruxelas, de onde dirige os trabalhos por videoconferência, o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell explicou que o objetivo da videoconferência de hoje ao nível de ministros da Defesa é "coordenar bem o que os Estados-membros estão a fazer pela sua parte e o que é possível fazer com o pacote de 450 milhões de euros" que o bloco europeu decidiu atribuir às forças armadas ucranianas.
O chefe da diplomacia europeia apontou que este pacote financeiro visa a aquisição e fornecimento de "armas defensivas, armas de alto calibre, equipamento anti-tanque, tudo o que possa repelir a agressão".
Relativamente à situação no terreno, Josep Borrell comentou que "os combates são ferozes", Kiev e outras cidades "estão a resistir e a Rússia está a pagar um preço elevado em termos de baixas", mas enfatizou que as forças armadas ucranianas precisam de ajuda para fazer frente a um agressor mais forte.
"Temos de fornecer munições, armas e equipamento anti-tanque, bem como combustível, para os tanques, para os aviões, e tudo isso tem que ser coordenado", reforçou.
Josep Borrell reiterou que o mundo tem que agir perante aquilo que se passa na Ucrânia, caso contrário "será a lei da selva".
"O mundo não pode permitir que um país poderoso esmague um vizinho usando as suas capacidades militares. Se o permitirmos, é a lei da selva, a lei do mais forte: «sou mais forte do que tu, mato-te, imponho-te a minha vontade». É a lei da selva, e isso, para nós, europeus, é uma ameaça existencial. Faremos tudo o que pudermos para parar" a agressão russa, declarou.
No domingo, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 deram aval a um pacote de 450 milhões de euros para financiar o fornecimento de armas letais ao exército ucraniano, que luta contra a invasão russa, numa decisão que marca uma viragem histórica na UE.
Borrell explicou na ocasião que o acordo político alcançado a nível dos chefes de diplomacia foi a aprovação do financiamento do armamento, dando conta da convocação de uma reunião de ministros da Defesa para hoje "para coordenar como converter esta assistência em material, e como transportar o material para a linha da frente, para as forças armadas ucranianas que lutam contra a invasão russa", acrescentou.
O Alto Representante aproveitou a oportunidade para "agradecer à Polónia, que se ofereceu para ser 'hub' logístico para a transferência desta assistência material à Ucrânia".
"Sei que o termo histórico é muitas vezes sobreutilizado e abusado, mas este é certamente um momento histórico, por duas razões: primeiro, porque é primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial que um poder militar invade outro Estado soberano, em violação da ordem internacional, em segundo, porque os europeus têm reagido de uma forma que surpreendeu muita gente, a começar pelos russos", disse.
A Rússia lançou na passada quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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