Grupo Wagner sai da RCA e do Mali para reforçar tropas russas
Os mercenários da empresa russa Wagner que estavam em Bamako, capital do Mali, e em Bangui, na República Centro-Africana, estão na Ucrânia há vários dias, noticiou hoje a African Report.
© Getty Images
Mundo Ucrânia
Segundo a revista, os mercenários da Wagner - empresa considerada com ligações ao Presidente Russo Vladimir Putin - que estão agora na guerra da Ucrânia encontravam-se na República Centro Africana (RCA), país onde decorre uma propaganda de apoio à invasão da Rússia.
Em 24 de fevereiro, quando as tropas russas lançaram a ofensiva na Ucrânia, foi publicada uma mensagem num meio não oficial do grupo Wagner, no Telegrama, (que dá pelo nome de "Reverso da medalha Z") que diz: "Sabemos que em Kiev, bem como nas principais cidades da Ucrânia, a população está a mobilizar-se para formar unidades de defesa territorial. (...) A escolha é sua. (...). Mas acreditem em mim, tentem evitar alistar-se em tais unidades".
Aliás, desde então, a maioria das mensagens do grupo Wagner só falam da ofensiva militar lançada na Ucrânia por Vladimir Putin, acrescenta aquele meio de comunicação social.
As discussões centram-se na rendição dos defensores da capital da Ucrânia, Kiev, após terem sido esmagados pelo avanço russo, bem como na apreensão e destruição do equipamento militar ucraniano pelos homens de Moscovo.
Segundo uma fonte citada pelo The Times, foram enviadas unidades de combate da RCA para o teatro de operações ucraniana e a sua missão é infiltrar-se nas defesas de Kiev e, entre outras coisas, capturar o Presidente Volodymyr Zelensky.
Algumas fontes indicam que se trata de um contingente com até 400 homens, enquanto outras estimam o seu número em apenas várias dezenas de elementos.
Segundo as informações da African Report, várias partidas de aeronaves russas, cujos planos de voo permanecem desconhecidos, foram registadas no aeroporto de Mpoko, em Bangui, capital da RCA e as atividades têm-se intensificado na capital, especialmente no campo de Kassaï. Nos últimos meses, vários helicópteros que tinham como destino Bamako e o destacamento no Mali descolaram-se deste local.
O grupo russo Wagner, que é financiado por Yevgeny Prigozhin, um amigo de Putin, tem mais de 2.000 homens na RCA, divididos entre Bangui, Berengo e a parte interior do país.
Segundo a revista, muitos dos mercenários experientes da Wagner começaram as suas 'carreiras' no Donbass, Ucrânia.
O líder operacional do grupo e número dois do Prigozhin, Dmitry Utkin, lutou lá. Este autoproclamado neonazi terá comandado unidades mercenárias, em finais de 2014 e princípios de 2015, sob a bandeira do 'Corpo Eslavo', o antecessor não oficial da Wagner.
Um antigo tenente-coronel dos serviços secretos militares russos (o famoso GRU), Utkin, que depois esteve na Líbia, Sudão e na RCA, fez, de certa forma, a sua formação mercenária na Ucrânia oriental. "Esta é a sua área preferida. Faz muito sentido que Moscovo volte a recorrer aos seus conhecimentos", diz uma fonte de segurança ocidental citada pela revista.
A doutrina russa inclui a desinformação como uma estratégia necessária para qualquer operação militar. Aliás, da Wagner, "o impacto mais visível é de facto ao nível da informação", diz outra fonte.
Por isso, este grupo não hesitou em utilizar a RCA e o Mali para alimentar a propaganda de Putin. Nos últimos dias, o canal Telegrama ligado ao grupo relatou amplamente duas histórias falsas, afirmando que Bamako e Bangui reconheceram as repúblicas de Donetsk e Lugansk, que se proclamaram independentes, com o apoio de Moscovo.
Do lado centro-africano, esta "informação" foi, na realidade, retirada de um artigo escrito pela agência noticiosa oficial russa RIA Novosti, que disse relatar as palavras do Presidente daquele país africano, Faustin Archange Touadéra, que afirmou que o reconhecimento das duas entidades "salvaria vidas e evitaria muita violência".
A RIA FAN, o website emblemático do Grupo Patriot, e a entidade de comunicação social do Prigozhin, escreveu o seguinte título: "O Presidente da RCA, Touadéra, reconhece Donetsk e Lugansk". Contudo, Bangui esta informação, apesar de ter sido amplamente partilhada.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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