Primeiro-ministro britânico acusa Rússia de "crimes de guerra"

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acusou hoje a Rússia de ser culpada de "crimes de guerra" na Ucrânia por causa das armas usadas contra civis e pediu à ONU que "exija" uma retirada russa.

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Lusa
02/03/2022 14:02 ‧ 02/03/2022 por Lusa

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Ucrânia/Rússia

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"O que já vimos do regime de Vladimir Putin sobre o uso de munições lançadas sobre civis inocentes, isso já constitui, na minha opinião, um crime de guerra", afirmou aos deputados britânicos, que aplaudiram de pé o embaixador ucraniano, Vadym Prystaïko, presente nas galerias da Câmara dos Comuns para o debate semanal com o primeiro-ministro.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou na segunda-feira a intenção de abrir "o mais rápido possível" uma investigação sobre a situação na Ucrânia, alegando "crimes de guerra" e "crimes contra a humanidade".

A Amnistia Internacional denunciou em particular o uso de bombas de fragmentação, proibidas em 2010 por uma convenção internacional, acreditando que deveria ser objeto de uma investigação por "crimes de guerra".

"Putin cometeu um grave erro de cálculo no seu ataque hediondo a uma nação soberana", disse Johnson, acrescentando: "Ele subestimou a extraordinária coragem do povo ucraniano e a unidade e determinação do mundo livre para se opor à sua brutalidade".

O chefe do Governo britânico exortou os países membros da ONU a condenarem, durante a votação da Assembleia-Geral marcada para hoje, a invasão russa da Ucrânia e a "exigirem que Putin envie de volta os tanques" para o território russo. 

"Se, pelo contrário, (o Presidente russo, Vladimir) Putin insistir, também nós continuaremos a aumentar a pressão económica", prometeu.

Questionado pela oposição para explicar porque o Reino Unido não tinha aplicado sanções ao multimilionário Roman Abramovich, dono do clube de futebol Chelsea, Boris Johnson recusou-se a comentar um caso individual, mas garantiu que Londres pretende "continuar o aperto" aos que têm ligações ao regime russo.

Antes de se deslocar ao Parlamento, Boris Johnson voltou a falar por telefone com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tendo ambos concordado que as sanções internacionais "devem ir mais longe para exercer pressão máxima sobre Putin nos próximos dias".

Depois de repudiar os ataques "abomináveis" na Ucrânia, Johnson disse a Zelensky que o Reino Unido está a trabalhar para que os membros da Assembleia-Geral da ONU emitam "a condenação mais forte possível" contra a Rússia esta tarde em Nova Iorque, disse um porta-voz do Governo.

A Assembleia-Geral da ONU deverá votar hoje uma resolução para condenar a invasão russa da Ucrânia e exigir a retirada das tropas, uma medida não vinculativa, mas com a qual as potências ocidentais esperam mostrar o isolamento internacional do Kremlin.

A Rússia lançou na passada quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev.

O conflito provocou já centenas de mortos civis e um número não confirmado de baixas militares nos dois lados, bem como a fuga de mais de 836.000 pessoas para Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia, segundo a ONU.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

 

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