"Apelamos para o exercício da moderação, a proteção da vida humana, a cessação das hostilidades e para o relançamento de um diálogo construtivo entre as partes envolvidas, com vista a uma solução política duradoura", refere uma nota de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, marcando o primeiro posicionamento oficial do Governo moçambicano.
Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, a solução do conflito deve ser baseada nos "princípios cardinais da Carta das Nações Unidas, de modo a garantir a coexistência pacífica das partes em conflito", que pode ter "consequências nefastas" para a Europa e para o mundo.
O Governo de Maputo reitera ainda que está em contacto com os moçambicanos que fugiram da Ucrânia devido ao conflito, um grupo maioritariamente composto por estudantes e que está a ser apoiado por outros moçambicanos que vivem em países vizinhos.
"Temos neste momento 15 estudantes moçambicanos na Ucrânia, do número total dos estudantes, quatro estão na Polónia, cinco na Hungria, dois na Roménia, uma na Moldávia, dois a caminho da Eslováquia e uma que já se encontra em Moçambique", acrescenta o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, embora o número de estudantes em Kiev avançado seja diferente do que foi anunciado pelo cônsul honorário da Ucrânia em Maputo, Abílio Soeiro, que indicou hoje à Lusa que há 18 estudantes.
Na Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada hoje, cinco países votaram contra a resolução exigindo o fim da invasão russa e Moçambique, tal como Angola, absteve-se.
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.
Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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