"Violando os acordos alcançados anteriormente, em 07 de março, a Federação Russa mais uma vez sabotou a abertura de corredores humanitários para a evacuação da população civil nas cidades sitiadas de Kyiv (norte), Kharkiv (leste), Donetsk (leste) e Kherson (sul)", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, em comunicado.
A diplomacia ucraniana denunciou ainda que as Forças Armadas russas "continuam os bombardeamentos e ataques com foguetes" em Kyiv, Mariupol (sudeste), Volnovakha (sudeste), Sumy (nordeste), Mykolaiv (sul), Kharkov (leste) e outras cidades, vilas e aldeias".
"Isso impossibilita a saída segura de comboios humanitários que transportam cidadãos ucranianos e estrangeiros, bem como a entrega de medicamentos e alimentos", acrescenta o comunicado.
O Governo de Kyiv insiste que "a Rússia deve parar de violar o acordo - alcançado na segunda ronda de negociações, no dia 03 - e pôr fim à disseminação de desinformação e à manipulação de vidas civis".
Esta é a terceira vez consecutiva que as evacuações planeadas não se cumprem, devido à violação do cessar-fogo temporário anunciado, pelo qual as partes se culpam mutuamente.
"A evacuação por corredores humanitários só é possível quando um regime de cessar-fogo for totalmente implementado. O lado ucraniano está pronto para isso", sublinhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
O tema deverá ser abordado numa terceira ronda de negociações em território bielorrusso, entre as delegações ucraniana e russa, que já se iniciou.
"Também consideramos inapropriada qualquer tentativa de Moscovo de fazer com que civis em cidades sitiadas fujam para o território da Rússia e da Bielorrússia, tendo em conta a alta probabilidade de provocações, levando os refugiados como reféns ou usando-os como escudos humanos para as Forças Armadas russas", disse a diplomacia ucraniana.
A Rússia anunciou esta manhã um cessar-fogo temporário para abrir corredores humanitários em Kyiv, Mariupol, Kharkov e Sumi, através de seis rotas, das quais quatro terminariam em cidades russas como Rostov-on- Don (a sul) e Belgorod (a leste).
O plano de evacuação para Kyiv inclui também a passagem pelo território da Bielorrússia (Gomel e Gden), com posterior transporte aéreo para a Rússia.
A vice-primeira-ministra e ministra para a Reintegração dos Territórios Ocupados Temporariamente, Iryna Vereshchuk, disse hoje que essas rotas são "absurdas, cínicas e inaceitáveis".
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kyiv, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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