"Só este presidente garante a estabilidade e os interesses da nação. Os media ocidentais não falam sobre o que estava a acontecer em Donbass", uma região separatista no leste da Ucrânia cuja independência Moscovo reconheceu antes de invadir o país, em 24 de fevereiro, disse o professor russo de 56 anos.
"Nenhuma das pessoas com quem converso concorda com os media ocidentais, que acho que não percebem muito quando dizem que o presidente começou esta guerra sem motivo", acrescentou Antonio Gramsci ao mesmo jornal, que se considera um "apoiante moderado" de Putin.
"O diabo está sempre nos detalhes dos últimos oito anos de tensão contínua com a Ucrânia, de um conflito de baixa intensidade em Donbass que continuou sem que o governo de Kyiv fizesse nada para o impedir", continua na entrevista ao jornal diário italiano Il Corriere della Sera.
Gramsci criticou a visão dos ocidentais que vivem principalmente nas grandes cidades prósperas, enquanto na Rússia os habitantes das periferias "consideram os citadinos como pequenos burgueses que nada produzem".
"A Rússia profunda é muito diferente do que vemos no Ocidente (...) O isolamento é mais assustador para os ocidentais, esses jovens russos costumavam viajar. Os outros, aqueles que como eu cresceram na época soviética, já estão imunes", afirmou o cientista de formação que depois se dedicou à música e que leciona na escola italiana Italo Calvino em Moscovo, segundo o site do estabelecimento.
Questionado se o seu avô também aprovaria a ação de Vladimir Putin, disse: "Eu considero-me um anarquista. E como tal, vejo a guerra como um desastre, sempre. incluindo aqui".
Antonio Gramsci (1891-1937), que morreu aos 46 anos em Roma em prisões fascistas, é um dos grandes teóricos marxistas do século XX, tendo deixado uma obra importante. Teve dois filhos com a filha de um adversário do czar, incluindo o pai de Antonio.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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