"Quase todos os Estados europeus, não apenas os membros da União Europeia, responderam a uma só voz a esta agressão [da Rússia à Ucrânia] e referiram-se à sua repercussão nos Balcãs ocidentais e no meu país", considerou Zeljko Komsic, o membro croata que agora ocupa a presidência rotativa, no decurso de um debate presencial no Parlamento Europeu sobre a atual crise política na Bósnia-Herzegovina.
Seguindo Komsic, "a política de conflitos congelados que a Rússia promove nos Balcãs ocidentais e no meu país, surge agora como o que realmente significa, uma ameaça para a segurança".
Na mesma linha exprimiu-se por videoconferência o representante bosníaco (muçulmano), Sefik Dzaferovic, ao assegurar que o seu país "segue muito de perto o que se passa na Ucrânia", porque estão "muito conscientes de que a Rússia está muito presente nos Balcãs ocidentais".
"A atual situação na Bósnia-Herzegovina convém particularmente à Rússia, porque é um conflito latente que origina problemas para a UE e para a NATO", afirmou Komsic.
As tensões políticas agravaram-se na Bósnia nos últimos meses, em particular na sequência dos planos secessionistas de Milorad Dodik, o líder da Republika Srpska (RS, a entidade sérvia bósnia), considerado próximo da Rússia, e que os representantes internacionais acusam de ter acentuado as divisões étnicas na Bósnia até aos níveis mais elevados desde a guerra civil (1992-1995).
Em 10 de fevereiro, o parlamento da entidade sérvia da Bósnia aprovou a criação de um sistema judicial próprio, separado do central, uma medida que Sarajevo considerou inconstitucional e inserida no plano separatista de Dodik.
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