"Decidimos, nesta fase, não pedir uma votação sobre o nosso projeto, mas não estamos a retirar o projeto de resolução", indicou o embaixador russo em declarações no Conselho de Segurança da ONU.
Ainda segundo Nebenzya, a Rússia aproveitará para pedir para esta sexta-feira de manhã uma reunião de emergência para discutir novamente alegados "laboratórios biológicos" na Ucrânia, afirmando ter "novas provas" para apresentar.
Estados Unidos, Reino Unido, Albânia, França, Noruega e Irlanda convocaram a reunião de emergência de hoje do Conselho de Segurança da ONU, devido à deterioração da situação humanitária na Ucrânia.
A resolução "humanitária" sobre a Ucrânia elaborado pela Rússia foi visto por vários diplomatas como uma "hipocrisia", tendo em conta que foi a própria Rússia a causar "esta guerra ilegal", e pela falta de apoio o projeto estaria condenado ao fracasso.
O embaixador albanês, Ferit Hoxha, afirmou que a resolução russa é da "maior hipocrisia, do tamanho da Rússia", e "deveria estar no livro de recordes do Guinness".
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse ter "ficado momentaneamente satisfeita" ao saber que os russos retiravam de votação a "sua ridícula resolução humanitária, que estava condenada ao fracasso".
"Sabemos que, se a Rússia realmente se importasse com as crises humanitárias - aquela que criou - poderia simplesmente parar os seus ataques ao povo da Ucrânia", disse.
"Mas, em vez disso, a Rússia quer convocar outra reunião do Conselho de Segurança para usar este Conselho como um local para a sua desinformação e para promover a sua propaganda", acrescentou a diplomata norte-americana.
Thomas-Greenfield referia-se a uma sessão extraordinária do Conselho de Segurança que decorreu na semana passada, a pedido da Rússia, que aproveitou o espaço para alegar que a Ucrânia possui dezenas de laboratórios biológicos experimentais perigosos para criar agentes patogénicos, alegadamente financiados pelo Governo norte-americano.
Na ocasião, a Rússia foi acusada de convocar o Conselho de Segurança da ONU para difundir propaganda favorável ao Kremlin.
"Não esqueçamos que a Rússia é o agressor neste caso. São eles que estão a criar um pretexto para ataques ao seu próprio povo, e não podemos ser enganados pelos seus esforços aqui. Eles têm tropas dentro da Ucrânia. Eles estão a matar pessoas dentro da Ucrânia. Essa é a razão de estarmos aqui hoje, não para lidar com a propaganda deles", reforçou hoje a diplomata norte-americana.
Por outro lado, Vasily Nebenzya afirmou que recebeu denúncias de aliados de que estariam a ser pressionados para não apoiar a sua resolução humanitária sobre a Ucrânia.
No discurso, o embaixador russo acusou ainda os países ocidentais de "alimentarem este conflito", citando o armamento e o apoio financeiro multimilionário enviados pelos EUA à Ucrânia.
Vários dos diplomatas que discursaram hoje no Conselho de Segurança frisaram que cabe apenas à Rússia travar a matança que está a acontecer na Ucrânia.
"A Rússia é responsável pelo sofrimento que infligiu à Ucrânia e mais além. Só a Rússia pode acabar com esta guerra. (...) Se a Rússia realmente quisesse proteger mulheres e crianças, retiraria as suas tropas da Ucrânia e acabaria com essa invasão ilegal hoje", apelou a embaixadora do Reino Unido da ONU, Barbara Woodward.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 22.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos entre a população civil, incluindo várias dezenas de crianças.
Em 25 de fevereiro, um dia depois do início da invasão russa, 11 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU votaram a favor de um texto a condenar o conflito, com o veto da Rússia.
E, em 02 de março, a Assembleia Geral da ONU, por uma votação maciça de 141 votos a favor, pediu a Moscovo que terminasse a sua ofensiva.
[Notícia atualizada às 22h25]
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