O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai avisar o seu homólogo chinês, Xi Jinping, dos "custos" que o país asiático enfrentará caso ajude a resgatar a aliada autoritária Rússia das sanções ocidentais destinadas a punir a invasão da Ucrânia.
Esta é a primeira chamada de telefone entre os dois líderes desde uma videoconferência em novembro passado e será a oportunidade para mostrar as suas diferenças e marcar posições. Por seu lado, os Estados Unidos têm liderado uma campanha de pressão sem precedentes sobre a Rússia, já a China tem-se visto num dilema geopolítico.
É "uma oportunidade para o presidente Biden avaliar a posição do presidente Xi", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, citada pelo Guardian. Referiu ainda que na reunião vão ser também discutidas as disputas comerciais e as cadeias de abastecimento, mas é esperado que o foco principal seja na aposta ocidental de forçar a Rússia a sair da Ucrânia.
Washington teme que os chineses possam dar apoio financeiro e até militar total à Rússia, transformando um impasse transatlântico já explosivo numa disputa global. Não é só Pequim que poderá ajudar a Rússia a enfrentar a pressão sobre os seus bancos e moeda, mas os governos ocidentais também seriam obrigados a enfrentar a decisão de impor sanções contra a China, o que provocaria provavelmente turbulência nos mercados mundiais.
A Casa Branca não revelou se Biden vai ameaçar a China com sanções durante a conversa, mas algum tipo de resposta está em cima da mesa. Biden vai "deixar claro que a China será responsabilizada por quaisquer ações que tome para apoiar a agressão da Rússia e não hesitaremos em impor custos", referiu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na quinta-feira.
O diplomata disse esperar que a China use "qualquer influência que tenha junto do presidente Putin para obrigar Moscovo a acabar com a guerra e para defender as regras e os princípios internacionais que afirma apoiar". No entanto, "pelo contrário, parece que a China está a ir na direção oposta". Blinken assumiu ainda estar "preocupado com o facto de poderem estar a considerar ajudar diretamente a Rússia com assistência militar".
A chamada entre Biden e Xi vai decorrer pelas 13h desta sexta-feira e ocorre depois de a Rússia ter sido acusada pelo Reino Unido, Estados Unidos, França, Albânia, Irlanda e Noruega de crimes de guerra. A conversa vai seguir-se a uma reunião entre um funcionário do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e o embaixador da Rússia na China para trocar opiniões sobre contraterrorismo bilateral e cooperação.
Leia Também: Putin é um "ditador assassino" e um "puro rufia", afirma Joe Biden