Dmitri Medvedev, presidente da Rússia entre 2008 e 2012 e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, lançou duras críticas aos Estados Unidos da América (EUA) esta quarta-feira, acusando o país de travar “guerras sem sentido” e de querer “humilhar, limitar, abalar, dividir e destruir” a Rússia.
“Os Estados Unidos travavam constantemente guerras sem sentido e, geralmente, longe do seu território. Sem regras e sem olhar para a comunidade mundial. Com o direito de abandonar tudo e todos, de sair do jogo assim que este jogo esteja perto da derrota. E de deixar para trás sangue, ruínas, devastação política e económica”, denunciou o aliado do presidente russo, Vladimir Putin, numa longa publicação divulgada na rede social Telegram.
Tendo como exemplo os conflitos travados na Coreia, no Vietname, no Iraque e no Afeganistão, o responsável apontou que também a Rússia tem sido alvo do mesmo "jogo medíocre e primitivo" nos últimos anos, considerando haver uma única explicação: é “inimiga”. Nesse sentido, Medvedev acusou os EUA de querer “humilhar, limitar, abalar, dividir e destruir” a Rússia, acrescentando que esta “estratégia”, caso fosse bem sucedida, poderia ter consequências catastróficas para o mundo, abrindo “caminho para uma nova singularidade universal - para o submundo”, como resultado do 'Big Nuclear Bang', avisou.
“E, então, o próximo objetivo é o enfraquecimento total da China. E, então, faltam apenas alguns passos antes da mais grave crise global, o colapso energético e alimentar, o fracasso de todos os sistemas de segurança coletiva”, enumerou, apontando o dedo diretamente ao presidente americano, Joe Biden, que “já viveu a sua vida e não pode ter medo, porque aos 80 anos nada é especialmente assustador”.
Ainda assim, o aliado de Putin salientou que “a Rússia nunca permitirá tal desenrolar de eventos”, realçando que, ao contrário dos EUA, “que querem o fim da [pátria russa], a Rússia quer ver os EUA como um país forte e inteligente, e não como o último refúgio daqueles que gradualmente caem na loucura senil”, acusou.
Num último golpe, Medvedev apontou que os EUA poderão ser “um estado responsável que desempenha todas as funções de uma grande potência”, sem interferência no desenvolvimento de outros países, a menos que pensem que “o nome do [seu] presidente é Volodymyr Zelensky [presidente ucraniano] e não perguntem periodicamente aos seus assessores como soletrar Iraque ou Irão corretamente…”.
Recorde-se que a Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU).
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, indica o organismo.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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