"Quanto ao formato do G20, é importante. Entretanto, nas atuais circunstâncias, quando a maioria dos membros está em estado de guerra económica connosco, a eventual exclusão de Moscovo não será mortal", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na conferência de imprensa diária.
Segundo Peskov, "nestas condições de violação de todas e de cada uma das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do direito internacional, é necessário construir novos vetores de relações em todas as áreas".
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quinta-feira que a Rússia deveria ser expulsa do G20 e alertou ainda que o seu governo "responderá" se Moscovo usar armas químicas em território ucraniano.
Durante uma conferência de imprensa após participar nas cimeiras da NATO do G7, em Bruxelas, Biden acrescentou que a resposta dos Estados Unidos dependeria da "natureza do uso" de armas químicas na Ucrânia pela Rússia.
"Nossa resposta seria proporcional", enfatizou Biden da sede da NATO.
A Rússia confirmou, na quarta-feira, a intenção de Vladimir Putin em participar na cimeira do G20 [grupo que reúne as maiores economias do mundo] na Indonésia, em novembro e, para já, o país anfitrião manteve o convite ao Presidente russo.
O Kremlin também comentou hoje o discurso de Biden sobre o possível uso de armas químicas na Ucrânia por Moscovo, sublinhando que é "uma tentativa de desviar a atenção do escândalo" das informações sobre laboratórios biológicos dos Estados Unidos na Ucrânia.
A Rússia foi suspensa indefinidamente do grupo dos oito países mais industrializados do mundo (G8 - que voltou agora a ser G7) em 2014, após a anexação da península ucraniana da Crimeia.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, mais de 1.000 mortos, incluindo 90 crianças, e mais de 1.500 feridos, dos quais 118 são menores.
O conflito também provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,7 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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