"Não podemos deixar de expressar a nossa preocupação com os casos em curso de apreensão de veículos com símbolos da ONU pelas Forças Armadas da Ucrânia", advertiu o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia.
Por outro lado, Nebenzia afirmou que as autoridades ucranianas estão a dar um "tratamento brutal" à população do país e expressou a "séria preocupação" de Moscovo sobre a possibilidade de estar a ser feita uma "limpeza física" dos opositores.
O diplomata falou no alegado desaparecimento de ativistas, cientistas políticos e jornalistas que alegadamente defendem opiniões contrárias às do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergii Kislitsia, que não respondeu às acusações, que classificou de "mentiras", apelou novamente à ajuda militar e a sanções mais duras contra Moscovo durante a sessão do Conselho de Segurança.
"O processo de negociação, que está em curso, não elimina de forma alguma a necessidade de prestar ajuda adicional à Ucrânia em matéria de armas e de implementar novas sanções à Federação Russa pelo ato de agressão cometido", disse Kislitsia em comunicado.
O embaixador ucraniano na ONU disse que, desde o início da invasão, Moscovo perdeu mais de 17.000 militares, mais de 1.700 veículos blindados, quase 600 tanques, mais de 300 sistemas de artilharia, 127 aviões e 129 helicópteros, quase 100 sistemas de lançamento de foguetes, 54 sistemas de defesa aérea e sete navios.
"Existe um claro nexo entre a apertada situação de segurança, humanitária e de segurança alimentar no que diz respeito à guerra russa contra a Ucrânia. Após o fracasso do seu plano inicial de 'guerra-relâmpago', as tropas russas avançaram para o plano 'B'", disse.
O diplomata ucraniano explicou que o novo plano da Rússia consiste no "cerco de cidades, violação de acordos sobre corredores humanitários ou terror contra civis nas áreas ocupadas, incluindo raptos e assassínios".
"O que também nos alarma na Ucrânia é que 40 milhões de ucranianos poderão enfrentar escassez de alimentos este ano. Isto leva o Governo ucraniano a trabalhar intensamente em ambos os caminhos: assegurar ao máximo o potencial de exportação do país e assegurar que os ucranianos, que suportam o fardo principal da agressão russa, não sofram de fome", acrescentou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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