Cerca de 200 guardas das forças ucranianas terão sido feito prisioneiros de guerra pelas forças russas que abandonaram Chernobyl, disse o autarca de Slavutych, Yuri Fomichev, à BBC.
Os soldados, que teriam ficado presos em Chernobyl quando a central nuclear foi tomada pelos russos, a 24 de fevereiro, estão incontactáveis desde quinta-feira, conforme adiantou Fomichev.
O autarca acrescentou que os considera, agora, “prisioneiros de guerra”. “Estamos a tentar fazer uma troca de prisioneiros”, complementou.
Segundo o responsável, não é claro se as forças russas abandonaram toda a zona de exclusão de Chernobyl, ou apenas as imediações da central nuclear.
“A área de Chernobyl é muito grande. Não conseguimos monitorizar tudo – só sabemos o que está a acontecer diretamente ao pé da central nuclear, onde os nossos trabalhadores estão”, justificou.
Perante a situação incerta, Fomichev disse não ser possível substituir os guardas que se encontram neste momento na central nuclear por um novo grupo de trabalhadores que, na sua maioria, residem em Slavutych.
Recorde-se que a Ucrânia confirmou esta sexta-feira que voltou a ter controlo da antiga central nuclear de Chernobyl, garantindo que trabalhará com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para avaliar os danos causados durante a ocupação russa.
A confirmação foi feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, que acusou a Rússia de se ter comportado de forma irresponsável durante as mais de quatro semanas em que ocupou as instalações, impedindo que os funcionários realizassem os trabalhos necessários em áreas contaminadas.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos. Além disso, a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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