Em declarações à Lusa, Saviano Abreu explicou que a "situação é desesperadora" e o grande problema, explicou, é o acesso às zonas de conflito e a "áreas do país que estão completamente isoladas".
"Nunca tínhamos visto um conflito com este impacto e que tivesse crescido de forma tão rápida desde a Segunda Guerra Mundial. Nada de nada parecido", disse Saviano Abreu.
Até ao momento, "não temos o acordo com as partes envolvidas neste conflito para entrar, para prestar ajuda humanitária às pessoas que precisam disso e isso está dificultando muito o nosso trabalho aqui", disse, dando o exemplo da cidade sitiada de Mariupol, onde se assistem a combates violentos nas ruas e há registos de milhares de civis em situação de carência extrema.
"Estamos tentando chegar às pessoas que estão aí isoladas e precisando da ajuda humanitária, mas, infelizmente, todas as nossas tentativas de conseguir negociar um acesso a essa área não tiveram efeito ainda", disse, admitindo que se trata de uma "situação preocupante: tememos pela vida dessas pessoas que estão aí, que precisam de comida, que precisam de água, estão enfrentando um frio enorme", sem "eletricidade para se aquecer", naquilo que "é o mais básico para sobreviver".
Para uma equipa de apoio humanitário ir a um local, são necessárias garantias de que "vai ser protegida, não vai ter nenhum tipo de ataque" e pode fazer o "trabalho com segurança", permitindo ainda garantias aos civis que queiram sair, como estabelece a legislação internacional de que os dois países são parte.
"É um direito de cada pessoa poder buscar a sua segurança e sabemos de muitas situações em que as pessoas são impedidas de sair das áreas de conflito", salientou Saviano Abreu.
"Nas últimas semanas, fizemos várias tentativas de acordos para conseguir chegar a Mariupol" e "nenhuma dessas tentativas, infelizmente, surtiu nenhum efeito e não chegámos a nenhum acordo", afirmou Saviano Abreu, que comentou o anúncio da abertura de corredores humanitários para sexta-feira pelas duas partes, que vieram a ser suspensos.
"Infelizmente, os anúncios que vimos nos últimos dias não envolve nenhuma operação das Nações Unidas. Não estivemos envolvidos e não fomos informados com antecedência", disse.
Mas se existir uma "janela de oportunidade que podemos ir e que podemos entrar com ajuda humanitária ou participar na evacuação de forma voluntária, de forma segura, das pessoas que ai estão, então faremos".
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