A retirada da capital, Kiev, e nas zonas perto da fronteira da Bielorrússia nas últimas semanas mostraram que os russos mudaram de tática, aumentando a intensidade no leste do país e nas zonas marítimas.
"Sabemos que os russos pretendem Odessa e, neste contexto, temo-nos sempre preparado", afirmou Serhii Bratchuk, em entrevista à Lusa.
A conquista de Odessa, no sudoeste do país, junto à Roménia, permitiria retirar o acesso ao mar e ao maior porto do país.
"Temos recursos, sabemos que eles querem vir aqui e tem sido a resistência de Mykolaiv [outra grande cidade a leste de Odessa] que os impediu de chegar cá", afirmou Serhii Bratchuk, justificando a necessidade de manter tropas da província apesar dos conflitos no leste e nordeste do país.
"Nunca deixámos de estar em guerra com a Rússia desde 2014 e sabemos que eles querem o Mar Negro só para si".
Principal destino turístico da região e destino de muitos russos na época balnear, "Odessa é um ícone e a Rússia pode olhar para a nossa cidade como um troféu", mas, "sem exagero, temos forças suficientes para resistir como aconteceu noutras grandes cidades ucranianas".
"A terra ucraniana é sagrada e Odessa é um símbolo nosso antes de ser um símbolo da Rússia. É a capital marítima do nosso país, por onde comunicamos, pelo mar, com o mundo", afirmou o dirigente, que criticou a inação das potências ocidentais, em particular da União Europeia, após a invasão da Península da Crimeia (a sul) e de parte das províncias de Donetsk e Lugansk (Donbass, a leste).
"Foi esta arrogância europeia na forma como lidou connosco e com a Rússia que nos levou a esta situação", afirmou Serhii Bratchuk.
Apesar disso, "queria salientar que, como todos os europeus sérios já perceberam, esta guerra não é só contra a Ucrânia mas contra todos os europeus", acrescentou, agradecendo o fornecimento de "equipamento importante de sistemas de defesa aérea".
"Sei que agora os países europeus fornecem equipamentos militares, mas era necessário também fechar o céu", lamentou o coronel, comentando a necessidade de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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