"Há soldados a conversar com os seus pais sobre o que roubaram e quem raptaram. Há gravações de prisioneiros de guerra que admitiram matar pessoas", disse Zelensky, num excerto de uma entrevista ao programa "60 Minutes" da CBS, que foi para o ar na sexta-feira.
"Há pilotos na prisão que tinham mapas com alvos civis a bombardear. Também há investigações que estão a ser conduzidas com base em restos mortais", disse ele, numa tradução fornecida pela televisão norte-americana.
Zelensky disse que "todos que tomaram uma decisão, que emitiram uma ordem, que cumpriram uma ordem" são culpados de crimes de guerra.
Questionado sobre se responsabiliza o Presidente russo Vladimir Putin, o líder ucraniano disse: "Acredito que ele seja um deles".
O gabinete da procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova está a investigar mortes em Bucha, na região administrativa de Kiev, e outras baixas em massa com civis, como possíveis crimes de guerra.
No passado fim de semana, foram encontrados em Bucha centenas de civis mortos nas ruas e em valas comuns, após a retirada dos militares russos.
Na sexta-feira, um ataque a uma estação ferroviária em Kramatorsk, no leste ucraniano, provocou pelo menos 50 mortos, incluindo cinco crianças, de acordo com as autoridades locais, que lembram que milhares de pessoas se encontraram no local para fugirem da região.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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