Presidentes da África do Sul e dos EUA conversam ao telefone sobre guerra

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, esteve ao telefone com o seu homologo norte-americano, Joe Biden, para discutir os impactos no continente africano da guerra na Ucrânia, divulgou hoje o chefe de Estado sul-africano.

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Lusa
09/04/2022 15:07 ‧ 09/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

 

Numa publicação feita na rede social Twitter, Cyril Ramaphosa refere que teve uma "conversa produtiva" com Joe Biden, durante a qual partilhou "pontos de vista semelhantes sobre o conflito na Ucrânia" e concordou com "a necessidade de um cessar-fogo e de um diálogo entre a Ucrânia e a Rússia".

O chefe de Estado sul-africano indicou ainda que, no sentido de "aprofundar as relações entre os dois países, foi decidido criar uma equipa para fortalecer o comércio, aumentar o investimento em infraestruturas e trabalhar para abordar as alterações climáticas".

Por seu lado, o governo norte-americano confirmou a chamada, através de um comunicado no qual Joe Biden destacou os desafios globais originados pelo escalar do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

De acordo com o comunicado da Casa Branca, ambos os líderes conversaram sobre a "atual crise humanitária na Ucrânia e o impacto nas cadeias de distribuição, nos preços dos produtos básicos e na segurança alimentar em África".

Segundo os meios de comunicação local, a iniciativa da chamada foi de Joe Biden, depois de o governo sul-africano ter dito, na sexta-feira, que a "intervenção militar" russa na Ucrânia não se justifica, embora se tenha abstido nas recentes votações na ONU contra a Rússia.

"Gostaria de ressalvar que a África do Sul não é indiferente ao sofrimento do povo ucraniano, nem somos indiferentes ao conflito", afirmou a ministra sul-africana com a pasta das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor, em conferência de imprensa.

Nesse sentido, a governante sul-africana sublinhou que a posição não alinhada não significa que a África do Sul concorde com a intervenção militar da Rússia na Ucrânia.

Em 24 de fevereiro, quando começou a invasão, o Ministério das Relações Internacionais da África do Sul instou publicamente à "retirada" imediata das tropas russas (sem condenar a operação de forma explicita).

No início de março, apesar das duras críticas da opinião pública sul-africana e da imprensa local contra a postura equidistante do Governo, o país absteve-se na votação da Assembleia Geral da ONU para condenar a invasão russa, como fizeram outros países africanos.

Esta posição deve-se não só ao papel estratégico, político e económico que a Rússia tem em boa parte de África, como também a motivos históricos, uma vez que os russos apoiaram vários movimentos independentistas e a luta contra o 'apartheid'.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Governo ucraniano cria arquivo online para documentar crimes de guerra

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