Num hospital militar em Zaporiyia, na Ucrânia, russos e ucranianos são tratados de forma igual, reporta o La Repubblicca.
Alguns chegam em situação bastante grave, e são salvos graças aos médicos locais. Contudo, dificilmente se mostram arrependidos de ter invadido a Ucrânia.
O relato é feito pelo tenente-coronel Viktor Pysanko, que é diretor médico neste hospital.
"Não têm remorsos, nem sabem o que é piedade. Apenas um oficial de 40 anos se mostrou arrependido por ter sido enviado por Moscovo para invadir um país, sem saber o porquê", recorda o médico, lembrando ainda as palavras duras que ouviu de outro doente russo, que afirmou que os ucranianos eram "todos nazis, e que os seus filhos e as suas mulheres mereciam morrer".
Já a enfermeira Oksana Korchynska tomou conta de um soldado russo de 18 anos. Esta recorda o momento em que lhe perguntou qual era o problema dos ucranianos e este, mais uma vez, lhe respondeu, que eram todos nazis e que deviam morrer. Quando esta lhe questionou o que eram nazis, o jovem não lhe soube responder.
Outra história é a de um jovem de 22 anos que estava convencido que tinha sido enviado para a Ucrânia para matar militares norte-americanos destacados no país. "Estou aqui para aniquilar os EUA", afirmou, perante o médico que lhe questionou quantos norte-americanos vira no país.
Apesar de todos serem tratados de forma igual, por questões de segurança, os feridos russos estão todos agrupados na mesma sala, com guardas armados à porta para os manter sob controlo.
"Cuidamos deles e garantimos que os estabilizamos. Depois deixamo-los entregues aos Ministério da Defesa e aos serviços secretos", acrescenta o médico, afirmando que depois disso se tornam prisioneiros de guerra.
Quando questionado sobre o porquê de tratar os feridos russos, o médico não hesita em responder: "Nunca ninguém hesitou em curar um soldado russo".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,4 milhões para os países vizinhos.
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