"A Ucrânia é um cenário de crime. Estamos aqui porque temos boas razões para acreditar que crimes cujo julgamento é da competência do Tribunal [Penal Internacional] estão a ser cometidos", afirmou Karim Khan.
"Temos de atravessar a névoa da guerra para chegar à verdade", defendeu o procurador à imprensa, durante a visita à cidade nos arredores de Kiev, onde centenas de civis, segundo as autoridades ucranianas, foram torturados e mortos durante a ocupação russa.
O Tribunal Penal Internacional abriu, em 03 de março, uma investigação sobre a situação na Ucrânia, na sequência da multiplicação de acusações à Rússia de que cometeu crimes de guerra.
Nas últimas semanas foram descobertos dezenas de cadáveres espalhados nas ruas da cidade ucraniana de Bucha, perto da capital do país, após a retirada das tropas russas, o que suscitou uma onda de choque e a condenação unânime da comunidade internacional.
Alguns corpos tinham as mãos atadas atrás das costas e apresentavam sinais de terem sido executados.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as forças russas de crimes de guerra em Bucha, mas a Presidência russa negou qualquer responsabilidade, garantindo que as imagens foram encenadas por Kiev.
Estabelecido em 2002 em Haia, o Tribunal Penal Internacional visa julgar crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídios.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de quase 12 milhões de pessoas, sendo que mais de 4,6 milhões foram para países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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