Segundo o Conselho Nacional de Segurança e Defesa ucraniano, "os serviços especiais inimigos começaram a aplicar um plano para levar a cabo ataques terroristas com o objetivo de injetar histeria anti-ucraniana na Rússia".
Sem as desmentir formalmente, o Conselho condenou afirmações do governador da região russa de Kursk segundo as quais uma aldeia do distrito de Korenevsky tinha sido bombardeada a partir de território ucraniano, bem como acusações de que um posto fronteiriço da região de Briansk fora atingido.
Horas antes, a Comissão de Inquérito russa tinha afirmado que dois helicópteros ucranianos "equipados com armamento pesado" haviam entrado na Rússia e procedido a "pelo menos seis ataques a prédios de habitação na aldeia de Klimovo", na região de Briansk.
Sete pessoas, entre as quais um bebé, ficaram feridas "com diversos níveis de gravidade", segundo a mesma fonte.
Tais acusações são impossíveis de verificar de forma independente.
A Rússia, que lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar em três frentes na Ucrânia, acusou já várias vezes as forças de Kyiv de terem realizado ataques no seu território.
No início de abril, o governador da região de Belgorod, vizinha de Briansk, afirmou também que helicópteros ucranianos tinham feito uma incursão e atingido um depósito de combustível.
Estas novas acusações surgem quando o exército russo ameaçou atingir centros de comando na capital ucraniana, Kyiv, em retaliação ao que descreveu como bombardeamentos e sabotagem da Ucrânia em território russo.
"Estamos a assistir a tentativas de sabotagem e ataques das forças ucranianas a alvos no território da Federação da Rússia", declarou na quarta-feira o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konachenkov.
"Se tais eventos continuarem, serão realizados ataques pelo exército russo a centros de tomada de decisão, inclusive em Kiev, o que o exército russo se absteve de fazer até agora", acrescentou, fazendo temer uma nova escalada do conflito.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,7 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 50.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que os números reais são muito mais elevados, a ONU confirmou hoje pelo menos 1.964 mortos, incluindo 161 crianças, e 2.613 feridos entre a população civil.
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