O alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) solicitou ao governo do Reino Unido que fizesse uma revisão do programa 'Casas para a Ucrânia' [Homes for Ukraine], depois de uma investigação do Times denunciar que alguns homens faziam propostas de teor sexual a refugiadas ucranianas.
Em comunicado, a ACNUR pede ao governo que faça "combinações mais apropriadas" entre família de acolhimento e refugiados, por forma a garantir que as mulheres, incluindo as que têm crianças, ficam com casais.
Segundo explica a publicação britânica, estas combinações não são feitas pelo governo britânico, mas sim com contacto dos patrocinadores às famílias, que ocorrem a partir de muitos grupos de Facebook não regulamentados.
A responsável pela organização de caridade Refugee Action disse à publicação Al Jazeera que os ministros deveriam regularizar a forma como as combinações são feitas, por forma a garantir que todas as pessoas ficam sãs e salvas no Reino Unido.
"Estamos aterrorizados pela forma como este processo permite que traficantes de pessoas e outras pessoas se podem aproveitar dos refugiados", disse Louise Calvey.
A publicação denuncia algumas mensagens trocadas pelos 'patrocinadores' com as refugiadas, nas quais é possível ler que propõem partilhar a cama com as mulheres, que fugiram do conflito no leste europeu.
O programa britânico surgiu como uma forma de acolher refugiados britânicos. Desta forma, refugiados podiam ficar em casas de famílias britânicas por, no mínimo, seis meses. Mais de 150 mil pessoas já se inscreveram neste programa desde que foi lançado, a 18 de março.
Também a Associação de Governo Local (LGA) já tinha chamado à atenção para a possibilidade de os refugiados ucranianos se tornarem em pessoas em situação de sem abrigo. O responsável pelo organismo disse que havia uma "preocupação crescente" com o número de refugiados que estava a abandonar as casas para as quais tinham sido destinados.
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