Vladyslav Yesypenko, preso no ano passado, e condenado recentemente a seis anos de permanência num campo de trabalho russo, por suposta posse e transporte de explosivos, é o vencedor deste ano do PEN/Barbey Freedom to Write Award.
Yesypenko, de 53 anos, é correspondente freelancer do Projeto Krym.Realii, um programa de rádio da Crimeia, e fonte de notícias transmitidas na Radio Free Europe/Radio Liberty.
O jornalista, preso em março de 2021 pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), negou as acusações que lhe foram feitas e depois confessou mas disse que o tinha feito sob tortura e ameaça de morte.
Na altura em que foi preso, estava a realizar uma reportagem em vídeo sobre como a vida mudou na Crimeia desde que foi anexada pela Rússia, há oito anos.
"Desde fevereiro, os horrores da guerra da Rússia na Ucrânia foram expostos para todo o mundo ver. Mas a campanha da Rússia para sufocar a Ucrânia é muito mais antiga e intensificou-se em 2014, com a ocupação ilegal da Península da Crimeia", disse Suzanne Nossel, CEO da organização literária e de direitos humanos, em comunicado divulgado terça-feira.
"Repórteres indomáveis, ??como Vladyslav Yesypenko, trabalham para permitir que o mundo veja a ocupação russa como ela é, um exercício de força destinado a sufocar a vontade de pessoas livres."
Enquanto estava detido, Yesypenko escreveu uma carta, publicada pela Krym.Realii, na qual afirmava que "nada mostra a natureza feia do poder ocupante como o constante preenchimento das celas com novas pessoas que foram detidas com base em evidências fabricadas" pelo FSB, e acrescentou: "Não me quebrou, mas meu cabelo parece ficar grisalho".
A esposa do jornalista, Kateryna Yesypenko, receberá o prémio em seu nome durante a gala, que decorrerá a 23 de maio no Museu de História Natural de Manhattan, no EUA. Outros homenageados são a autora Zadie Smith e o fundador da Audible, Donald Katz.
O prémio PEN, chamado PEN/Barbara Goldsmith Freedom to Write Award, criado em 1987, é concedido a escritores e artistas presos por seu trabalho. Ao longo dos anos, vários homenageados foram libertados, incluindo o vencedor de 2017, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, que se encontrava numa prisão russa há dois anos.
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