UE adverte que resposta a agressão russa definirá ordem internacional

A presidente da Comissão Europeia advertiu hoje, na Índia, um país que se tem mantido neutral relativamente à guerra na Ucrânia, que a resposta da comunidade internacional à agressão militar russa vai definir a futura ordem internacional.

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Lusa
25/04/2022 14:23 ‧ 25/04/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Este é um momento decisivo. As nossas decisões nestes dias irão moldar as décadas vindouras. A nossa resposta de hoje à agressão da Rússia decidirá o futuro do sistema internacional e da economia global", alertou Ursula Von der Leyen, durante um discurso na mais importante conferência multilateral na Índia consagrada à geopolítica, o «Diálogo Raisina», em Nova Deli.

"Será que a abominável devastação vencerá ou a humanidade prevalecerá? Será o direito de poder a dominar ou será o Estado de direito? Haverá conflitos e lutas constantes ou um futuro de prosperidade e paz comum?", questionou, durante a sua intervenção, retransmitida em Bruxelas.

Von der Leyen, que termina hoje uma viagem de dois dias à Índia, alertou que "o desfecho da guerra não só determinará o futuro da Europa, mas também afetará profundamente a região do Indo-Pacífico e o resto do mundo".

Sublinhando que, "para a região do Indo-Pacífico é tão importante como para a Europa que as fronteiras sejam respeitadas e que as esferas de influência sejam rejeitadas", a presidente da Comissão alertou para "a amizade sem limites" declarada entre China e Rússia e, falando perante as principais figuras políticas da Índia - país que, face às suas relações com a Rússia, tem mantido uma postura neutral no conflito -, advertiu que é necessária uma reflexão sobre o que significa, "para a Europa e para a Ásia, que a Rússia e a China tenham forjado um pacto aparentemente desenfreado".

Rússia e China "declararam que a amizade entre si não tem «limites» e que não existem «áreas de cooperação proibidas». Isto foi em fevereiro deste ano. E depois seguiu-se a invasão da Ucrânia. O que podemos esperar das «novas relações internacionais» que ambos reclamaram?", questionou.

Iniciando a sua intervenção sublinhando que União Europeia e Índia são parceiros naturais e próximos apesar da distância geográfica, a presidente do executivo comunitário ressalvou que, no entanto, nem todos partilham os valores do estado de direito e liberdades fundamentais pelos quais UE e Índia se regem, apontando que "a realidade é que os princípios fundamentais que sustentam a paz e a segurança em todo o mundo estão em jogo".

Focando então a sua intervenção na guerra em curso no leste da Europa, Von der Leyen deu conta da sua recente deslocação à Ucrânia, onde pôde testemunhar no terreno a devastação provocada pelo exército russo e as graves violações do direito internacional.

"As imagens provenientes do ataque da Rússia à Ucrânia chocaram e continuam a chocar o mundo inteiro. Há duas semanas, visitei Bucha, um subúrbio de Kiev que foi devastado pelas tropas russas, à medida que se retiravam do norte da Ucrânia. Vi com os meus próprios olhos os corpos alinhados no chão. Vi as valas comuns. Ouvi os sobreviventes de crimes atrozes cometidos pelos soldados do Kremlin. Vi as cicatrizes de escolas, casas de residentes e hospitais bombardeados", disse.

A presidente da Comissão enfatizou então que "visar e matar civis inocentes", redefinir as fronteiras "pela força" e "subjugar a vontade de um povo livre" são "graves violações do direito internacional" e vão contra os princípios fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas.

"Na Europa, vemos a agressão da Rússia como uma ameaça direta à nossa segurança. Garantiremos que a agressão não provocada e injustificada contra a Ucrânia será um fracasso estratégico. É por isso que estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para ajudar a Ucrânia a lutar pela sua liberdade. É por isso que impusemos imediatamente sanções maciças, severas e eficazes", disse.

Argumentando que as sanções impostas pela UE à Rússia estão "inseridas numa estratégia mais ampla que tem também elementos diplomáticos e militares" e foram concebidas de modo a poderem ser mantidas durante um longo período de tempo, o que dá força negocial em busca de "uma solução diplomática que garanta uma paz duradoura", Von der Leyen exortou então "todos os membros da comunidade internacional a apoiarem" os esforços em prol dessa paz duradoura.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Papa pede ao patriarca russo Kiril para defender a paz e o fim da guerra

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