Nem o governo federal etíope nem as autoridades regionais de Afar responderam imediatamente aos pedidos de confirmação ou negação feitos pela agência France-Presse, e não foi possível verificar no terreno as reivindicações da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), que está em guerra com Adis Abeba desde novembro de 2020.
Dois porta-vozes da TPLF, Getachew Reda e Kindeya Gebrehiwot, disseram à agência noticiosa que as tropas rebeldes se retiraram completamente de Afar.
"Já nos retirámos de todas as áreas de Afar" ocupadas pela TPLF, disse Kindeya Gebrehiwot.
O conflito em Tigray eclodiu em novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército para desalojar a TPLF, um partido que administrava a região e que acusou de atacar bases militares.
A TPLF, que governou a Etiópia durante quase 30 anos até Abiy chegar ao poder em 2018, vinha desafiando a autoridade do governo federal durante vários meses.
Após ter conquistado inicialmente o Tigray, o exército federal foi expulso em junho de 2021 por uma contra-ofensiva da TPLF, que avançou depois para as regiões vizinhas e depois para Adis Abeba.
Em dezembro, a TPLF tinha recuado para Tigray, mas continuou a ocupar várias áreas nas regiões fronteiriças de Amhara e Afar.
"Desde o início, nunca tivemos a intenção de ficar [em Afar por muito tempo], fomos lá para resolver ameaças à segurança de Tigray", particularmente "representados pelas milícias Afar", disse hoje Kindeya Gebrehiwot.
A recente trégua permitiu a entrada de vários comboios de ajuda humanitária para o Tigray, uma região sujeita ao que a Organização das Nações Unidas (ONU) descreve como um "bloqueio de facto", pelo qual cada lado responsabiliza o adversário.
Mas esta ajuda está ainda longe de ser suficiente para satisfazer as enormes necessidades da região de seis milhões de habitantes, que está ameaçada pela fome e ainda carece de serviços básicos, como eletricidade, telecomunicações ou bancos.
Questionado se a retirada dos rebeldes de Afar facilitaria o acesso à ajuda em Tigray, Kindeya Gebrehiwot disse: "As questões humanitárias e políticas devem ser separadas.
A TPLF tinha anunciado em 12 de abril a sua retirada de uma primeira área de Afar e afirmado nos últimos dias, numa carta aberta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o seu "compromisso de continuar a retirada das forças do território de Afar".
O Governo etíope exige também a retirada da TPLF das áreas que ainda ocupa em Amhara.
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