Etiópia: Rebeldes do Tigray anunciam retirada de região de Afar

Os rebeldes etíopes na região do Tigray anunciaram hoje que se retiraram das áreas que tinham ocupado durante nove meses na vizinha Afar, uma das condições estabelecidas pelo governo etíope para uma trégua anunciada em março.

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Lusa
26/04/2022 18:56 ‧ 26/04/2022 por Lusa

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Etiópia

Nem o governo federal etíope nem as autoridades regionais de Afar responderam imediatamente aos pedidos de confirmação ou negação feitos pela agência France-Presse, e não foi possível verificar no terreno as reivindicações da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), que está em guerra com Adis Abeba desde novembro de 2020.

Dois porta-vozes da TPLF, Getachew Reda e Kindeya Gebrehiwot, disseram à agência noticiosa que as tropas rebeldes se retiraram completamente de Afar.

"Já nos retirámos de todas as áreas de Afar" ocupadas pela TPLF, disse Kindeya Gebrehiwot.

O conflito em Tigray eclodiu em novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército para desalojar a TPLF, um partido que administrava a região e que acusou de atacar bases militares.

A TPLF, que governou a Etiópia durante quase 30 anos até Abiy chegar ao poder em 2018, vinha desafiando a autoridade do governo federal durante vários meses.

Após ter conquistado inicialmente o Tigray, o exército federal foi expulso em junho de 2021 por uma contra-ofensiva da TPLF, que avançou depois para as regiões vizinhas e depois para Adis Abeba.

Em dezembro, a TPLF tinha recuado para Tigray, mas continuou a ocupar várias áreas nas regiões fronteiriças de Amhara e Afar.

"Desde o início, nunca tivemos a intenção de ficar [em Afar por muito tempo], fomos lá para resolver ameaças à segurança de Tigray", particularmente "representados pelas milícias Afar", disse hoje Kindeya Gebrehiwot.

A recente trégua permitiu a entrada de vários comboios de ajuda humanitária para o Tigray, uma região sujeita ao que a Organização das Nações Unidas (ONU) descreve como um "bloqueio de facto", pelo qual cada lado responsabiliza o adversário.

Mas esta ajuda está ainda longe de ser suficiente para satisfazer as enormes necessidades da região de seis milhões de habitantes, que está ameaçada pela fome e ainda carece de serviços básicos, como eletricidade, telecomunicações ou bancos.

Questionado se a retirada dos rebeldes de Afar facilitaria o acesso à ajuda em Tigray, Kindeya Gebrehiwot disse: "As questões humanitárias e políticas devem ser separadas.

A TPLF tinha anunciado em 12 de abril a sua retirada de uma primeira área de Afar e afirmado nos últimos dias, numa carta aberta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o seu "compromisso de continuar a retirada das forças do território de Afar".

O Governo etíope exige também a retirada da TPLF das áreas que ainda ocupa em Amhara.

Leia Também: ONGs denunciam crimes contra a humanidade no norte da Etiópia

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