Angola e São Tomé e Príncipe querem corrigir 15 anos sem reunião
O Presidente angolano, João Lourenço, disse hoje, em Luanda, que Angola e São Tomé e Príncipe precisam "corrigir" os 15 anos sem a realização de uma comissão mista bilateral entre os dois países.
© Lusa
Mundo Comissão mista
João Lourenço falava hoje à imprensa no decorrer do encontro que manteve com o seu homólogo santomense, Calos Vila Nova, que chegou no domingo a Luanda para uma visita oficial até quarta-feira.
"Estivemos reunidos para abordar pontos importantes da cooperação entre os nossos dois países e a principal conclusão a que chegamos é que precisamos de corrigir algo que está errado, que é o facto de os nossos países estarem há 15 anos sem reunirem a comissão mista bilateral", referiu o Presidente angolano.
O chefe de Estado angolano salientou que a principal decisão foi a de reunir a comissão nos próximos dias 29 e 30, em São Tomé Príncipe, tendo em conta que a última, realizada há 15 anos, decorreu em Angola.
"Nessa reunião em São Tomé vamos abordar todas as questões que têm a ver com a cooperação entre os dois países, particularizando as áreas da defesa, pescas, mar, transporte aéreo, marítimo, saúde e outras do interesse de ambos os países", acrescentou.
Ambos os Presidentes foram questionados pela agência Lusa sobre se o reforço da cooperação entre os dois países inclui algum apoio financeiro e se foi abordada a questão da dívida de São Tomé e Príncipe a Angola e João Lourenço disse que "todas essas questões, em princípio, serão vistas com profundidade aquando da realização da comissão mista bilateral, que terá lugar no fim deste mês".
"Portanto, creio que, pelo menos da parte de Angola, reservamo-nos ao direito de aguardar que essa reunião tenha lugar", disse.
De acordo com João Lourenço, Angola vai ganhar com o reforço da cooperação "aquilo que as partes identificarem como útil, como sendo de interesse de Angola e do interesse de São Tomé e Príncipe".
O Presidente angolano frisou que a visita de Carlos Vila Nova a Angola "vai contribuir para mudar "este estado de coisa", ou seja, 15 anos sem reunião a nível da comissão mista "o que não é nada bom".
Por sua vez, Carlos Vila Nova disse que no encontro os assuntos abordados sobre as relações entre os dois países foram consensuais.
"Isto é um manifesto claro daquilo que são e têm sido as relações entre a República de Angola e a República Democrática de São Tomé e Príncipe. Não é novidade se eu disser que ultrapassa o quadro institucional de cooperação, não tem limites, e ele atinge outras razões, outros motivos, são históricos, culturais, linguísticos, de irmandade profunda", disse o Presidente são-tomense.
Segundo Carlos Vila Nova, factos importantes no percurso histórico entre os dois países fortalecem a reformulação aos novos tempos para o bem dos dois países e da população.
"Reitero o meu sentimento de agradecimento e deixo aqui expresso também a manifestação pura de que sou portador do sentimento de amizade que o povo de São Tomé e Príncipe nutre pelo seu irmão de Angola", sublinhou.
Carlos Vila Nova disse ainda que a elevação das relações entre os dois países "tem a ver com a melhoria das condições de vida das populações", o que "tanto em Angola, na pessoa dos governantes encabeçados pelo Presidente João Lourenço, e em São Tomé e Príncipe de igual modo" existem contribuições de ambas as partes.
"Ninguém em sua vida está preparado apenas para receber, recebe e também dá, e neste caso concreto temos a certeza que depois desta visita, com a sessão de trabalho que tivemos, temos uma caminha a fazer para que de facto as condições já existentes sejam melhores para que façamos esse exercício", referiu.
"Trazer melhorias, onde São Tomé puder contribuir para Angola estar presente e, não tenho dúvidas que o mesmo se passará com Angola, que sempre nos acompanhou. Disso não temos dúvida nem receio de dizer e hoje estou ainda mais seguro de que esta caminhada está fortalecida e a faremos para o bem dos dois países e dos dois povos", acrescentou.
O programa de visita do chefe de Estado santomense inclui ainda uma sessão na Assembleia Nacional, durante a qual está previsto discursar, e uma visita à cidade universitária Dr. António Agostinho Neto.
Para terça-feira, está prevista uma deslocação à província do Namibe, onde irá visitar a Academia de Pescas e Ciências do mar daquela província do litoral sul de Angola.
Na quarta-feira, o programa prevê novo encontro entre os dois chefes de Estado, e o Presidente são-tomense parte de Angola a meio da manhã.
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