Segundo a imprensa italiana, Angelo Becciu afirmou na audiência que o pontífice perdeu a confiança no auditor e que se limitou a cumprir "a ordem do Santo Padre".
"Nos últimos dias perguntei ao Papa se podia falar livremente e ele disse que sim, por isso quero esclarecer o que sei. Não tenho qualquer responsabilidade na demissão do Sr. Milone. Só cumpri a ordem do Santo Padre", disse Becciu.
Angelo Becciu é uma das 10 pessoas acusadas no extenso julgamento de fraude financeira do Vaticano, que teve origem no investimento de 350 milhões de euros da Santa Sé numa propriedade de Londres e se alargou a outros alegados crimes.
O Ministério Público acusa os réus de uma série de crimes por supostamente espoliarem a Santa Sé de milhões de euros em taxas, comissões e maus investimentos.
Becciu, o único cardeal em julgamento, é acusado de peculato, abuso de poder e manipulação de testemunhas, mas nega todas as acusações.
Em 2020, após a descoberta das irregularidades, o Papa Francisco retirou todos os direitos cardeais a Becciu e retirou-o do cargo de perfeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Libero Milone, de 69 anos, com uma vasta experiência na área financeira internacional, apresentou a sua demissão em 2017, depois de o Papa Francisco o ter nomeado como o primeiro revisor das contas da Santa Sé em 2015, com o objetivo de as supervisionar e dotá-las de maior transparência.
O auditor explicou então a vários meios de comunicação que a sua demissão tinha ocorrido sob intimidação e ameaças de prisão, às quais o Vaticano respondeu com uma nota a dizer que tinha excedido as suas funções e que tinha investigado ilegalmente a vida privada de alguns expoentes da Santa Sé
O processo prossegue na quinta-feira com outra audiência.
Leia Também: Conferência Episcopal vai ao Vaticano debater abusos sexuais na Igreja