Angelo Becciu nega implicação na demissão de revisor do Vaticano em 2017

O antigo cardeal italiano Angelo Becciu negou hoje, durante o julgamento no Vaticano, qualquer responsabilidade na demissão do revisor geral das Finanças Libero Milone em 2017, atribuindo esta decisão ao Papa Francisco.

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Lusa
18/05/2022 23:28 ‧ 18/05/2022 por Lusa

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Segundo a imprensa italiana, Angelo Becciu afirmou na audiência que o pontífice perdeu a confiança no auditor e que se limitou a cumprir "a ordem do Santo Padre".

"Nos últimos dias perguntei ao Papa se podia falar livremente e ele disse que sim, por isso quero esclarecer o que sei. Não tenho qualquer responsabilidade na demissão do Sr. Milone. Só cumpri a ordem do Santo Padre", disse Becciu.

Angelo Becciu é uma das 10 pessoas acusadas no extenso julgamento de fraude financeira do Vaticano, que teve origem no investimento de 350 milhões de euros da Santa Sé numa propriedade de Londres e se alargou a outros alegados crimes.

O Ministério Público acusa os réus de uma série de crimes por supostamente espoliarem a Santa Sé de milhões de euros em taxas, comissões e maus investimentos.

Becciu, o único cardeal em julgamento, é acusado de peculato, abuso de poder e manipulação de testemunhas, mas nega todas as acusações.

Em 2020, após a descoberta das irregularidades, o Papa Francisco retirou todos os direitos cardeais a Becciu e retirou-o do cargo de perfeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Libero Milone, de 69 anos, com uma vasta experiência na área financeira internacional, apresentou a sua demissão em 2017, depois de o Papa Francisco o ter nomeado como o primeiro revisor das contas da Santa Sé em 2015, com o objetivo de as supervisionar e dotá-las de maior transparência.

O auditor explicou então a vários meios de comunicação que a sua demissão tinha ocorrido sob intimidação e ameaças de prisão, às quais o Vaticano respondeu com uma nota a dizer que tinha excedido as suas funções e que tinha investigado ilegalmente a vida privada de alguns expoentes da Santa Sé

O processo prossegue na quinta-feira com outra audiência.

Leia Também: Conferência Episcopal vai ao Vaticano debater abusos sexuais na Igreja

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