A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, esta segunda-feira, que não existem evidências de que o vírus Monkeypox sofreu mutações e que o vírus não tem tendência a mudar.
Num briefing, citado pela agência de notícias Reuters, sobre a propagação do vírus, Rosamund Lewis, especialista em varíola do programa de emergências da OMS, afirmou que as mutações são normalmente mais baixas no vírus Monkeypox e que o sequenciamento do genoma de casos ajuda a entender o atual surto. "São vírus que tendem a não mutar e são muito estáveis", salientou.
A especialista salientou ainda que esta não é uma doença nova, uma vez que têm sido detetados casos de infeção pelo menos há 40 anos e que tem ainda "sido bem estudada na região africana".
"Temos visto poucos casos na Europa nos últimos cinco anos e todos ligados a viajantes, mas esta é a primeira vez que estamos a ver casos em muitos países ao mesmo tempo em pessoas que não viajaram para as regiões endémicas de África", reconheceu Rosamund Lewis.
No mesmo briefing, Maria van Kerkhove, especialista da OMS para área das doenças emergentes e zoonoses, sublinhou que os mais de 200 casos suspeitos e confirmados no recente surto na Europa e na América do Norte não são graves e que "esta é uma situação controlável”.
"Queremos parar a transmissão de pessoa para pessoa. Podemos fazer isso nos países não endémicos. Estamos numa situação em podemos usar as ferramentas de saúde púbica para uma rápida identificação e isolamento dos casos", adiantou.
De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), existem já 85 casos de infeção pelo vírus Monkeypox em oito Estados-membros da União Europeia (UE). Em Portugal, foram contabilizados 37 e aguardam-se “resultados relativamente a outras amostras”.
O vírus Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
O primeiro caso humano de infeção com o vírus Monkeypox foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.
Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a Monkeypox.
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