Este mês, o governo talibã do Afeganistão impôs que todas as mulheres - incluindo as pivot de telejornais - cobrissem o rosto.
O caso das jornalistas, na opinião do governo do país, ganharia maior relevo dada a importância dos media e dos respetivos trabalhadores, que representam a imagem da sociedade, na propagação das virtudes da população afegã.
A medida, contudo, gerou polémica uma vez que, para muitos, é mais uma violação aos diretos das mulheres.
Na sequência disso, têm surgido varias ações de apoio, suportadas pela hashtag 'FreeHerFAce' ('Libertem os seus rostos'), que visa apoiar as mulheres, cujos rostos estão proibidos de se mostrar. A ação ganha maior relevância dado que a maioria dos que se juntaram à causa são homens, incluindo afegãos.
Entre eles, conta-se o pivot principal do canal de notícias afegão TOLO News:
The courageous head of Afghanistan's @TOLOnews @khpolwaksapai leading the way by showing solidarity with female journalists forced to cover their faces by the Taliban #freeherface #Afghanwomen https://t.co/r5YNE5dMn2 pic.twitter.com/hyxzqpIdyH
— Yalda Hakim (@BBCYaldaHakim) May 23, 2022
Bem como toda a equipa do telejornal deste canal, que nas redes sociais muitos enaltecem como um ato de contagem por não se deixarem intimidar.
Team @TOLOnews post Taliban “face” ban doing an extraordinary job of reporting on facts (including their own plights), undeterred pic.twitter.com/OI9eZssaXh
— Saad Mohseni (@saadmohseni) May 22, 2022
Mas a onda de apoio não se fica pela Afeganistão, com profissionais de todo o mundo a partilhar imagens suas de máscara.
A obrigação em causa, recorde-se, choca com as promessas iniciais dos fundamentalistas, que prometeram quando chegaram ao poder respeitar os direitos das mulheres afegãs.
No entanto, na atualidade, a realidade da vida das mulheres no Afeganistão assemelha-se cada vez mais à era do primeiro regime talibã entre 1996 e 2001, quando estavam confinadas às suas casas, sem a possibilidade de estudar ou trabalhar.
Por detrás de muitos destes regulamentos que restringem os direitos e as liberdades das mulheres está o Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, uma instituição que foi muito ativa durante o primeiro regime talibã e que se extinguiu com a invasão dos Estados Unidos.
Com o regresso ao poder dos talibãs a 15 de agosto de 2021, a instituição regressou, instalando-se precisamente no agora extinto Ministério dos Assuntos da Mulher.
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