Organizações avisam imigrantes que registo imposto pelos EUA é uma armadilha

Seis organizações de defesa dos direitos dos imigrantes avisaram hoje, numa conferência de imprensa conjunta, que o registo nacional imposto pela nova administração norte-americana de Donald Trump é uma armadilha com o objetivo de encontrar mais facilmente pessoas indocumentadas. 

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© Alex Pena/Anadolu via Getty Images

Lusa
15/04/2025 19:41 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Imigrantes

A reativação do Alien Registration Act of 1940, uma lei do tempo da II Guerra Mundial, exige que os imigrantes que não passaram por processo de verificação num porto de entrada se registem nos serviços de imigração (USCIS), sob pena de multas, detenção e deportação.

 

As organizações CHIRLA -- Coligação pelos Direitos Humanos dos Imigrantes em Los Angeles, FIRM (Fair Immigration Reform Movement), FLIC (Coligação de Imigrantes da Florida), NYIC (Coligação de Imigração de Nova Iorque), NPNA (Parceria Nacional para Novos Americanos) e CASA juntaram-se para denunciar o registo e encorajar os imigrantes a procurarem conselhos legais. 

"Fazer o registo pode tornar-se muito perigoso para imigrantes sem documentos", alertou Murad Awawdeh, presidente da NYIC e copresidente da FIRM.

"Este registo foi usado para ir atrás de pessoas depois do 11 de setembro e faz eco das políticas que levaram ao internamento de japoneses-americanos", frisou, referindo-se à relocalização forçada de 120.000 cidadãos de origem japonesa em 1941. 

A recuperação do registo é feita através da ordem executiva 14159, intitulada "Protecting the American People Against Invasion ("Protegendo o povo americano contra a invasão", na tradução em português) e requer o registo de crianças a partir dos 14 anos e adultos que não tenham documentos legais 30 dias após a entrada.

"Há muita confusão na comunidade", disse a diretora executiva da CHIRLA, Angelica Salas, referindo que até agora não chegou informação de qualquer pessoa que se tenha registado e de que há um medo generalizado.

"As pessoas estão a ver outras a desaparecer", explicou a representante, frisando que as pessoas têm noção de que este registo servirá como "ajuda à perseguição". 

O chefe de serviços da CASA, George Escobar, aconselhou os imigrantes a procurarem ajuda legal e confirmou que a organização ainda não viu ninguém a registar-se.

E, realçou, o medo é tanto que as pessoas "não estão a aceder a serviços a que têm direito por medo de lhes ser pedido este registo".

A confusão é tão grande que os advogados de imigração não têm mãos a medir, indicou Tessa Petit, diretora executiva da FLIC e copresidente da FIRM.

"Eles estão assoberbados e isso também coloca a comunidade em risco", sublinhou.

Petit apontou para o facto de muitos dos imigrantes a quem está a ser retirado estatuto legal, nomeadamente os que fugiram de países como Haiti e Venezuela, não têm como se auto deportar nem um sítio seguro para onde possam voltar.

"Não têm outra escolha senão ficar e lutar", afirmou. 

A responsável considerou que estas medidas vão infligir danos que perdurarão por décadas e que o processo é propositadamente confuso.

"Vai criminalizar pessoas inocentes", considerou.

Um dos efeitos da política, disseram os vários oradores presentes na conferência de imprensa, será a caracterização racial -- autoridades locais a exigirem ver documentos de qualquer pessoa que pareça não branca e fale outra língua que não o inglês. 

"Esta regra porá em causa a segurança pública e a confiança da comunidade, para não dizer o custo maciço que terá", apontou Murad Awawdeh.

O responsável considerou que as políticas anti-imigração da administração do republicano Donald Trump vão piorar a situação económica, que é a maior preocupação dos eleitores. 

"É uma crise de direitos humanos", afirmou Nicole Melaku, diretora da NPNA, apelando ao Congresso que faça alguma coisa e passe uma reforma real do processo de imigração. 

Angelica Salas indicou que, no 1.º de Maio, haverá marchas por todo o país em parceria com várias organizações. A diretora contabilizou em 243 as ordens executivas assinadas por Trump contra imigrantes e disse que, mesmo quando tribunais intervêm, a administração não respeita as decisões. 

"Nenhum bem veio destas ordens executivas", afirmou Salas, finalizando: "É a crueldade como política de imigração oficial desta administração". 

Leia Também: "Via verde" para imigrantes? "Vai funcionar muito melhor", afirma Rangel

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