A organização não-governamental (ONG) indicou, num comunicado, que apresentou uma denúncia contra X [sem identificar qualquer pessoa] "por branqueamento, recursos que não foram clarificados junto das autoridades, ocultação e cumplicidade".
Esta denúncia tem como objetivo "denunciar os desvios realizados do Estado russo e da sua riqueza nacional por empresários e altos funcionários próximos" do Presidente russo, Vladimir Putin.
Este sistema "estende as suas ramificações à França, em particular no setor imobiliário, devido à falta de vigilância dos intermediários", acrescentou o comunicado.
A denúncia foi apresentada na quinta-feira, na Procuradoria Nacional das Finanças francesa, segundo a ONG, que não divulga os nomes das pessoas visadas para "evitar represálias às suas equipas".
"A ambição das sanções contra a Rússia e os primeiros anúncios de bloqueio esbarraram na dificuldade de identificar os bens das pessoas sancionadas. Em França, como em outros lugares, o rastreamento dos bens dos oligarcas e pessoas próximas ao regime russo está parado", referiu a Transparência Internacional.
A ONG referiu que estas dificuldades no rastreamento estão relacionadas com a existência de "intermediários, pessoas fictícias, empresas de fachada ou empresas de gestão de fundos em paraísos fiscais ou judiciais".
Graças a várias fontes, a ONG conseguiu "fazer um inventário dos bens imobiliários em França de vários oligarcas e pessoas próximas ao regime russo, identificar as cadeias de propriedades criadas para esse fim e reunir um corpo de evidências sobre os recursos de origem ilícita que possibilitaram a aquisição desses ativos", afirmou Patrick Lefas, presidente da Transparência Internacional.
"O objetivo desta nova denúncia, que se enquadra no contexto de denúncias semelhantes apresentadas pela Transparência em 2008 e em 2011 [relacionadas com outros países], é a sanção dessas práticas e a devolução dos bens confiscados ativos para vítimas de corrupção", sublinhou a ONG.
Em outros casos de ganhos ilícitos em França, 'Teodorin' Obiang, vice-Presidente da Guiné Equatorial e filho do Presidente do país, Teodoro Obiang, foi definitivamente condenado a três anos de prisão com pena suspensa, 30 milhões de euros de multa e confisco de bens, após a rejeição do seu recurso em julho de 2021.
Rifaat al-Assad, tio do Presidente sírio, Bashar al-Assad, foi condenado pelo Tribunal de Apelação de Paris em setembro a quatro anos de prisão. Al-Assad recorreu da sentença.
Outras investigações estão a decorrer em França. Recentemente, vários filhos de Omar Bongo, o falecido líder do Gabão, foram indiciados pela Justiça francesa.
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