"Consideraremos tudo isto depois de aqueles que se renderam serem julgados, depois de um veredicto ser alcançado. Só depois podem ser dados outros passos. Antes disso, falar em trocas é prematuro", disse, citado pela agência oficial russa TASS.
Andrei Rudenko referia-se aos últimos soldados ucranianos da cidade estratégica de Mariupol, que estiveram entrincheirados durante quase dois meses na enorme fábrica de aço de Azovstal, e que se renderam na semana passada.
De acordo com o Ministério de Defesa russo, foram capturados cerca de quatro mil soldados na área.
As autoridades ucranianas querem organizar uma troca de prisioneiros de guerra, mas o lado russo tem indicado repetidamente que considera pelo menos alguns dos homens ucranianos do regimento Azov combatentes neonazis, culpados de crimes de guerra, e não simples soldados.
No sábado passado, o deputado russo e negociador Leonid Slutsky disse que Moscovo ia "estudar" a possibilidade de trocar combatentes de Azov pelo reputado político ucraniano e influente empresário Viktor Medvedchuk, próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e que foi detido em meados de abril na Ucrânia.
Rudenko foi ainda questionado sobre a possível troca do soldado russo Vadim Shishimarin, que foi esta semana condenado pela justiça ucraniana a prisão perpétua por matar um civil desarmado numa bicicleta em fevereiro, na região nordeste da Ucrânia de Sumy.
O líder separatista pró-russo Denis Pushilin afirmou na passada terça-feira que o gabinete do procurador-geral da autoproclamada República de Donetsk está a trabalhar para compor um tribunal para julgar os prisioneiros ucranianos.
"É necessário que haja a participação de um máximo de representantes de diferentes países", afirmou, avançando ainda que "uma série de países" já tinha dado o seu "acordo preliminar para participar neste tribunal internacional", sem dar mais pormenores.
O vice-ministro russo Andrei Rudenko disse hoje que não tinha informações sobre o assunto.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra na Ucrânia, que completou na terça-feira três meses, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas - cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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