"Está tudo pronto para o envio. Os primeiros carregamentos provavelmente serão dos nossos cereais, que na verdade são muito abundantes, todos os silos estão cheios, precisamos esvaziá-los para carregar a colheita fresca, pois a nossa época de colheita começará numa questão de semanas", disse Rogov à agência de notícias russa TASS.
A situação é classificada por Kiev como ilegal e como um saque.
Rogov, que não hesitou em designar o cereal ucraniano de "nosso", acrescentou que "o despacho dos primeiros navios está previsto para esta semana" do porto de Berdyansk, nas margens do Mar de Azov e vizinho do porto ocupado de Mariupol, onde as autoridades pró-Rússia já retiraram aço ucraniano em pelo menos duas ocasiões, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Por sua vez, o vice-chefe da Administração Militar-Civil pró-russa de Zaporijia, Andrei Trofimov, disse à agência noticiosa russa Interfax que a região recebeu comboios de mercadorias da Rússia para transportar produtos dos territórios ocupados.
"Temos sérios problemas com os transportes, já que o lado ucraniano levou tudo para o seu território. Recebemos locomotivas e comboios de carga exclusivamente com a ajuda da Rússia", disse Trofimov.
O transporte de mercadorias é uma prioridade para a economia da região e principalmente para os agricultores, afirmou Trofimov.
O tráfego ferroviário entre a península da Crimeia e a Ucrânia foi interrompida no final de 2014, após a região ter sido anexada pela Rússia.
O primeiro-ministro da Crimeia, Sergei Aksionov, disse em 11 de março que o tráfego ferroviário técnico entre a Crimeia e a cidade ucraniana ocupada de Kherson tinha sido restabelecido, tendo o chefe da Administração Militar-Civil de Zaporijia, Yevgeny Balitsko, dito na terça-feira que os primeiros 11 vagões transportando grãos ucranianos foram enviados daquela região para a península.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse na terça-feira que os Caminhos de Ferro da Rússia retomaram o trânsito ferroviário entre a "Rússia, o Donbass, a Ucrânia e a Crimeia em seis troços".
"Iniciámos o transporte de carga para Mariupol, Berdyansk e Kherson", acrescentou, lembrando que esta operação envolve 1.200 quilómetros de ferrovia.
A invasão russa na Ucrânia em 24 de fevereiro -- justificada pelo Presidente russo com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
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