Brasil. Localizados corpos que poderão ser de jornalista e ativista

Dom Phillips e Bruno Pereira desapareceram há mais de uma semana durante mais uma investigação sobre os povos isolados na floresta.

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Notícias ao Minuto, com Lusa
13/06/2022 15:12 ‧ 13/06/2022 por Notícias ao Minuto, com Lusa

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As autoridades encontraram esta segunda-feira dois corpos na floresta da Amazónia durante as buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira, o jornalista britânico e o especialista brasileiro que desapareceram na floresta brasileira há pouco mais de uma semana.

Apesar da identidade dos corpos ainda não ter sido confirmada, o jornal The Guardian, para o qual Dom Phillips escrevia regularmente, avança que o embaixador brasileiro no Reino Unido notificou a família do jornalista.

"Ele disse que nos queria contar que encontraram dois corpos. Não conseguiu descrever a localização e disse apenas que estavam na floresta tropical e que foram amarrados a uma árvore, mas não foram ainda identificados", contou Paul Sherwood, cunhado de Phillips.

Segundo Sherwood, a identificação poderá demorar algumas horas, já que as autoridades estão à espera que faça mais claridade.

Na sequência da divulgação destas informações nos 'media' locais e do Reino Unido, a Polícia Federal brasileira divulgou uma nota frisando que "não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips."

"Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados [examinados] e os pertences pessoais dos desaparecidos. Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados", acrescentou a autoridade policial brasileira.

A notícia surge pouco depois de um grupo de voluntários indígenas, que faz parte das dezenas de grupos de busca à procura dos dois homens, ter encontrado objetos que lhes pertenciam, na região Javari.

As reportagens de Dom Phillips e os estudos de Bruno Pereira, enaltecendo as tradições e o modo de vida nas tribos isoladas e nunca antes contactadas na Amazónia, levaram vários grupos de voluntários a iniciar buscas, em solidariedade para com os dois homens.

No Brasil, família e manifestantes já se pronunciaram contra a ação das autoridades policiais e políticas, nomeadamente contra o presidente Jair Bolsonaro, por não empenhar esforços suficientes nas buscas. Bolsonaro desvalorizou as críticas, mas numa entrevista, criticou os dois especialistas, acusando-os de ser imprudentes.

Phillips, correspondente de longa data para o jornal britânico The Guardian, passou uma grande parte da carreira a investigar e a documentar a vida das tribos indígenas no interior da floresta, nomeadamente os povos isolados que nunca entraram em contacto com o resto da civilização.

Já Bruno Araújo Pereira é considerado um especialista em tribos indígenas da Amazónia, e trabalha há anos na Fundação Nacional do Índio (Funai), para proteger estes povos isolados da destruição da floresta tropical, seja por força das alterações climáticas ou da desflorestação intensiva.

Os dois desapareceram no domingo da semana anterior, enquanto viajavam de barco pela região de Javari, uma zona conhecida pelos povos isolados, mas também por operações mineiras ilegais e pelo tráfico de drogas. Dom Phillips viajou com o objetivo de entrevistar os habitantes locais, para um livro sobre conservação.

Na sequência dos contactos combinados pelos dois homens, era suposto estes terem chegado a Atalaia do Norte nesse domingo de manhã, entrando por um rio na região. Na sexta-feira, os dois chegaram ao lago de Jaburu a uma base da Funai e, no domingo de manhã, na comunidade de São Rafael, combinaram uma entrevista em Atalaia do Norte, a duas horas de distância, com um líder indígena local que queria discutir "invasões intensivas" das comunidades.

Phillips e Pereira combinaram uma entrevista em Atalaia do Norte, mas acabariam por não chegar ao destino. Os dois tinham 70 litros de gasolina num barco novo, e comunicações por satélite, tendo material suficiente para fazer a viagem e regressar.

O jornalista britânico estuda há 15 anos as tribos isoladas da Amazónia e da região de Javari, uma região onde existe a maior concentração de povos isolados e nunca antes contactados pelo resto do mundo. Em 2018, Phillips viajou com uma comissão da Funai e documentou as interações entre a tribo Marubo, contactada pela primeira vez há cerca de 100 anos, e tribos locais isoladas.

[Notícia atualizada às 15h41]

Leia Também: Encontrados pertences dos dois homens desaparecidos na Amazónia

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