Conspiracionista pró-Trump luta por cargo para supervisionar eleições

Jim Marchant é um fiel adepto de Donald Trump, defendendo que as eleições de 2020 foram uma fraude e prometendo banir votos por correio, voto eletrónico e voto antecipado - formas de voto que acabaram por ser mais usadas por apoiantes de Joe Biden.

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Hélio Carvalho
15/06/2022 08:22 ‧ 15/06/2022 por Hélio Carvalho

Mundo

Estados Unidos

A noite de terça-feira foi noite de eleições primárias para o Partido Republicano em quatro estados: Maine, Dakota do Norte, Carolina do Sul e, crucialmente, o Nevada. O estado cuja capital é Las Vegas tornou-se num dos mais importantes em eleições presidenciais, pendendo ora para um partido ora para o outro (Joe Biden venceu em 2020 o estado por apenas dois pontos percentuais), e prepara-se agora para umas tensas eleições intercalares (ou 'Midterms').

O Nevada é importante para a corrida à Casa Branca em 2024 e para o controlo do Senado e da Câmara dos Representantes - todos os democratas com cargos no estado vêem com medo a queda em popularidade de Joe Biden -, pelo que a vitória de um conservador conspiracionista e fiel apoiante de Donald Trump para a corrida a secretário de estado tornou-se um motivo de preocupação para a esquerda.

Jim Marchant, que acusou as eleições de 2020 de serem uma fraude a favor de Biden, venceu a eleição primária republicana para o cargo de secretário de estado - um emprego importante na antecâmara de 2024, já que é o secretário de estado que supervisiona e certifica o resultado das eleições, define as regras do sufrágio, processa o recenseamento de eleitores e supervisiona também questões relacionadas com o financiamento das campanhas.

Isto torna uma possível vitória de Marchant um pesadelo para os democratas. Em 2020, Marchant perdeu uma corrida para ser congressista e, seguindo os passos de Trump, acusou a eleição de ser uma fraude. Nestas 'Midterms', o candidato prometeu que, caso seja eleito, irá proibir o voto em máquinas eletrónicas, o voto por correio e o voto antecipado - sendo que, no pico da pandemia, o voto por correio e o antecipado foram promovidos pelos democratas, e estas duas formas de voto penderam consideravelmente para Joe Biden (o que motivou ainda mais suspeitas de fraude eleitoral pelos republicanos).

O candidato pró-Trump (que, por acaso, nunca foi patrocinado diretamente pelo antigo presidente, apesar de o seguir fielmente) também é conhecido por ser um adepto do QAnon, uma série de teorias da conspiração ultraconservadoras que defendem que o governo, os meios de comunicação, Wall Street e Hollywood são controlados por pedófilos e adoradores de Satanás, que controlam uma rede de tráfico sexual de menores.

A teoria da conspiração ganhou folgo em 2020, durante a pandemia e as eleições presidenciais, e bolhas de redes sociais conservadores que veicularam as publicações QAnon tornaram-se um meio importante para mobilizar apoiantes de Trump para a invasão ao Capitólio.

Jim Marchant irá agora lutar agora contra Francisco Aguilar, o candidato democrata, nas eleições em novembro.

A noite acabou por ser repleta de vitórias para Donald Trump, que tem usado estas eleições intercalares para medir a sua influência no Partido Republicano. Trump e os seus apoiantes continuam confiantes que o antigo presidente voltará a concorrer à Casa Branca contra Joe Biden, apesar de uma grande parte do partido preferir uma mudança na liderança dos conservadores.

Um dos grandes fatores que tem contribuído (ou não) para que Donald Trump apoie candidatos é a opinião destes sobre a eleição de 2020. Conservadores que dizem que a eleição foi roubada (algo que foi várias vezes desmentido por entidades oficiais e órgãos de comunicação) são apoiados pelo antigo presidente, enquanto que republicanos que contestam as tendências antidemocráticas de Trump são alvo de uma intensa campanha de ataques pessoais.

Na terça-feira, onze candidatos que defendem a mentira do antigo presidente venceram as suas eleições primárias, incluindo o candidato ao Senado no Nevada, Adam Laxalt, e o candidato a governador do mesmo estado, Joe Lombardo, dois homens que protagonizarão duas das eleições mais importantes das 'Midterms' (criando uma forte aura pró-Trump no território).

Por contraste, apenas três candidatos que afirmaram, de caras, que a eleição de 2020 foi limpa e justa, venceram as suas primárias.

As eleições intercalares norte-americanas disputam-se no dia 8 de novembro.

Leia Também: EUA. McCormick dá vitória a Oz na primária republicana na Pensilvânia

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