Terceiro suspeito no caso dos homicídios na Amazónia entrega-se à polícia
O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram mortos enquanto faziam uma nova investigação sobre os povos isolados na floresta da Amazónia, no Brasil.
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Mundo Brasil
Foi detido este sábado um terceiro suspeito pelo envolvimento nas mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Segundo a polícia federal brasileira, Jeferson da Silva Lima, conhecido pela alcunha de 'Pelado da Dinha', entregou-se às autoridades na delegação de Atalaia do Norte, na região da floresta da Amazónia onde os restos mortais dos dois homens foram encontrados.
O suspeito terá inicialmente fugido, depois de saber que tinha um mandato de captura em seu nome, mas, em declarações ao site de notícias brasileiro G1, o delegado regional Alex Perez Timóteo contou que este se entregou nas primeiras horas da manhã, mas declarou-se inocente.
Segundo o delegado, "conforme todas as provas, todos os depoimentos recolhidos até ao momento, ele estava na cena do crime e participou ativamente do duplo homicídio ocorrido".
Jeferson da Silva Lima é o terceiro homem detido pelas autoridades brasileiras no âmbito das mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira - sendo que os restos mortais de Phillips já foram confirmados, enquanto que os do investigador brasileiro estão a ser analisados.
Terceiro suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno e Dom é preso
— Correio Braziliense (@correio) June 18, 2022
Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha", é apontado pela Polícia Federal como uma das pessoas que participou do crime https://t.co/vnKoPs2kV8 pic.twitter.com/iI6fopQZsp
As autoridades continuam as buscas por um quarto suspeito, conta ainda o G1. Desconhecem-se ainda os motivos do duplo homicídio, mas a polícia acredita que o ato estará relacionado com o tráfico de drogas e pesca ilegal, atividades que Phillips e Pereira também foram estudar.
Dom Phillips, um conceituado jornalista britânico que colaborava para o The Guardian, e Bruno Pereira, um investigador brasileiro que estudava os povos isolados e nunca antes contactados na floresta da Amazónia, estavam na região do Vale de Javari a estudar a preservação ambiental e o narcotráfico naquela zona da floresta.
Os dois desapareceram no início de junho e os restos mortais foram encontrados na semana passada, por grupos de voluntários indígenas que colaboraram com as autoridades, como forma de apoio pelos dois homens que ajudaram a alertar para os problemas das comunidades da região.
A morte de Phillips e Pereira também levaram a um reacender de críticas contra o governo de Jair Bolsonaro, cujas políticas têm promovida a desflorestação na floresta tropical e um aumento da atividade criminosa.
Bolsonaro foi também muito criticado, tanto pelos povos indígenas como por organizações não-governamentais internacionais, por ter dito que o jornalista britânico era "malvisto na região porque fazia muita matéria contra garimpeiro [mineiros ilegais]".
A Human Rights Watch, uma das maiores ONGs de direitos humanos do mundo, pediu uma "investigação clarifique as circunstâncias e a motivação do crime e que todos os responsáveis sejam responsabilizados".
Já a organização ambiental Greenpeace afirmou que o duplo homicídio resulta das "ações e omissões de um governo empenhado na economia da destruição".
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