Em 2019, Sean Davison recebeu uma sentença de oito anos em prisão domiciliária, cinco dos quais suspensos, e uma proibição de três anos de falar com os meios de comunicação.
Em entrevista à agência France-Presse, Davison declarou não estar arrependido do que fez, acrescentando: "Ajudar aqueles homens era a coisa certa a fazer".
Fundador da Dignity SA, associação que luta pela legalização da eutanásia na África do Sul, Davison declarou-se culpado e admitiu ter ajudado três pessoas a morrer entre 2013 e 2015, incluindo um amigo tetraplégico.
"Aqueles três homens tinham dores insuportáveis, sem esperança de recuperação. Estavam determinados a morrer, mas incapazes de pôr fim à própria vida", explicou o ativista à agência francesa, prometendo ainda continuar a bater-se pelo "direito de morrer com dignidade".
Pela primeira vez legalizada há 20 anos nos Países Baixos, a eutanásia é proibida na África do Sul, tal como na maioria dos países do mundo.
Em 2015, um tribunal de Pretória reconheceu a um paciente com cancro o direito ao suicídio assistido.
Contudo, o veredicto não teve efeito porque a pessoa visada morreu naturalmente poucas horas depois da sua emissão, tendo sido anulado em recurso um ano depois.
"Está na hora de mudar a lei no nosso país. Está na hora de ter uma lei boa, uma lei bondosa, compassiva, que não confunda a eutanásia e o homicídio", defendeu Davison.
O suicídio assistido foi uma das últimas causas defendidas pelo arcebispo Desmond Tutu, Nobel da Paz e figura muito respeitada na África do Sul e no mundo, e que morreu em dezembro de 2021, aos 90 anos.
Por oposição à eutanásia, o suicídio medicamente assistido implica que o próprio paciente tome o ato que levará à sua morte.
Esta prática é autorizada por exemplo na Suíça, enquanto que outros países toleram a eutanásia passiva, isto é, uma recusa de tratamento que tem como consequência a morte.
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