Ataques no Mali visam afetar Nações Unidas e seria "ingénuo" não ver isso
O porta-voz do secretário-geral da ONU disse hoje que "seria ingénuo" pensar que os recentes ataques no Mali aconteceram "apenas por acaso" e que não integram "uma campanha maior que inclui trabalhar contra as Nações Unidas".
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Mundo Mali
O norte do Mali foi novamente apanhado numa espiral da violência, com homens armados a matarem pelo menos 20 civis perto da cidade de Gao e um 'capacete azul' guineense em Kidal, no norte deste país do Sahel, onde a situação de segurança se vem deteriorando.
Na sua conferência de imprensa diária, na sede da ONU, em Nova Iorque, Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, avaliou que "está claro que os grupos que trabalham contra o povo maliano, e contra a paz, querem o caos e querem derramamento de sangue, e têm como alvo os civis e as forças de paz da ONU".
"Também têm como alvo as forças de segurança. (...) é uma pergunta que deveria ser feita a eles, mas seria ingénuo, da nossa parte, pensar que isso aconteceu apenas por acaso e que não fazia parte de uma campanha maior que inclui trabalhar contra a ONU", disse Dujarric.
O 'capacete azul' da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) morreu no domingo devido à explosão de uma mina, quando participava numa patrulha, anunciou o chefe da missão El-Ghassim Wane, na sua conta no Twitter.
Esta nova morte surge num contexto de negociações tensas sobre a renovação do mandato da Minusma, a missão de paz da ONU que sofreu o maior número de perdas humanas.
Dispositivos explosivos improvisados são uma das armas escolhidas pelos insurgentes contra a Minusma, bem como contra as forças malianas, matando também, com regularidade, muitos civis.
Nesse sentido, António Guterres lembrou que ataques contra forças de paz das Nações Unidas podem constituir crimes de guerra sob o direito internacional e pediu às autoridades malianas que não poupem esforços na identificação dos autores do ataque, "para que possam ser levados rapidamente à justiça".
O Mali, um país pobre e sem litoral e que se situa no coração do Sahel, foi palco de dois golpes militares em agosto de 2020 e maio de 2021.
A crise política coexiste com uma grave crise de segurança que se vive desde 2012 no país, havendo tentativas de sublevação por parte de separatistas e 'jihadistas' no norte do Mali.
O país é atualmente governado por uma junta que se afastou da França e dos seus parceiros e que se voltou para a Rússia na tentativa de impedir a expansão do extremismo islâmico, que se espalhou para o centro, bem como para o Burkina Faso e o Níger.
Esta violência causou milhares de mortes entre civis e militares, bem como centenas de milhares de pessoas deslocadas.
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