Uma menina ucraniana de 12 anos publicará as suas reflexões e pensamentos mais íntimos no outono, com a ajuda da editora Union Square & Co. ‘You Don’t Know What War Is: The Diary of a Young Girl from Ukraine’ (‘Não sabem o que é a guerra: O diário de uma jovem menina da Ucrânia’, em tradução livre) é o mote pelo qual o diário de Yeva Skalietska ficará nas bancas a 25 de outubro, mostrando a realidade da guerra pelos olhos de uma menina refugiada.
“Toda a gente sabe o que a palavra ‘guerra’ quer dizer, mas quase ninguém sabe aquilo que esta palavra representa”, explica Skalietska, no comunicado divulgado esta quarta-feira pela editora.
Nesse sentido, a menina quer “que o mundo saiba o que vivemos”.
O diário começa com o aniversário da criança, pouco antes de a Rússia invadir a Ucrânia. A menina estava a viver em Kharkiv com a avó quando os ataques tiveram início.
“Ela descreve os bombardeamentos que sofreram enquanto se abrigavam no subsolo e sua viagem desesperada para a Ucrânia Ocidental. Compartilha a sua confusão sobre o porquê de os russos os atacarem, já que ela fala russo e segue muitos dos seus costumes”, refere o comunicado da editora.
“Depois de muitas viagens intermináveis de comboio e de uma estadia prolongada num centro de refugiados sobrelotado na Hungria – porque vários países da Europa recusaram a entrada – Yeva e a sua amada avó finalmente encontram refúgio em Dublin, onde corajosamente começa a forjar uma nova vida, esperando poder voltar para casa um dia”, remata.
A editora doará parte das receitas a favor de organizações de refugiados ucranianos.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 15 milhões de pessoas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além disso, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A ONU confirmou ainda que mais de quatro mil civis morreram e outros mais de cinco mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
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