A mulher norte-americana que sofreu complicações na 16.ª semana de gravidez enquanto celebrava uma ‘lua de bebé’ em Malta foi, na quinta-feira, transportada para um hospital na ilha espanhola de Palma de Maiorca, depois de lhe ter sido negado um aborto no arquipélago maltês.
O companheiro de Andrea Prudente, Jay Weeldreyer, contou à Associated Press (AP) que os médicos do Son Espases University Hospital de Palma de Maiorca estão a preparar a mulher para o procedimento de remoção dos restos de tecidos fetais, uma vez que a grávida estava em risco de vida por uma potencial infeção.
O casal foi transportado para a ilha espanhola no final do dia de quinta-feira, num voo de emergência médica.
Segundo Weeldreyer, Prudente está “exausta, mas aliviada”.
“Ela está estável. Por isso, está a salvo”, complementou, em declarações ao mesmo meio noticioso.
“O próximo passo é abortar”, confessou. “De um ponto de vista médico, será o fim.”
Sob a lei espanhola, é permitido abortar até à 14.ª semana de gestação, e até à 22.ª semana quando a saúde ou vida da mulher está em risco.
Após a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos que, esta quinta-feira, reverteu o direito constitucional ao aborto, o casal “apenas olhou um para o outro”.
“Pensámos nas mulheres que sofrerão nos estados onde os políticos escolherão fazer algo como em Malta, para ganhos políticos”, lamentou Weeldreyer, salientando que “as mulheres vão sofrer”.
Recorde-se que Prudente, de 38 anos, sofreu uma grave hemorragia no dia 12 de junho, seguida de uma rutura da bolsa amniótica e de um descolamento parcial da placenta, conforme revelou o companheiro, de 45 anos, à AP.
O hospital foi onde tratada em Malta não pôde realizar o procedimento para finalizar o aborto, devido às leis do país – o único na União Europeia que não permite a realização de aborto em qualquer circunstância.
O casal de Issaquah, no estado norte-americano de Washington, chegou a Malta no dia 5 de junho para uma ‘lua de bebé’. Depois de uma semana, Prudente, grávida de 16.ª semanas, começou a sangrar, naquele que foi “o pior dos cenários, onde não há qualquer escolha boa”.
Ao jornal britânico The Guardian, Prudente confessou, na quarta-feira, desejar apenas sair de Malta “com vida”, sentindo que estava a ser “ativamente traumatizada”.
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