ONU pede investigação independente a morte de 18 pessoas no Uzbequistão

Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, pediu terça-feira a abertura de uma "investigação independente" no Uzbequistão aos protestos no fim de semana na região do Caracalpaquistão, que fizeram 18 mortos e mais de 240 ferido.

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Lusa
06/07/2022 06:24 ‧ 06/07/2022 por Lusa

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Uzbequistão

 

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"Os relatos que recebemos de violência grave, incluindo assassínios, durante os protestos, são muito preocupantes", disse Bachelet em comunicado, pedindo "às autoridades que exerçam a máxima contenção".

A alta comissária da ONU pediu ainda ao governo uzbeque que "abra imediatamente uma investigação transparente e independente sobre todas as alegações de atos criminosos (...), incluindo violações cometidas por agentes do Estado".

Após as manifestações na sexta-feira e no sábado contra um projeto de reforma constitucional que reduziria a autonomia do Caracalpaquistão, uma região pobre no noroeste do Uzbequistão, a procuradoria do uzbeque indicou que 18 pessoas morreram em distúrbios entre manifestantes antigovernamentais e forças de segurança no noroeste do país.

"Dezoito pessoas morreram devido a ferimentos causados durante os distúrbios em massa que ocorreram em Nukus", disse Abor Mamatov, representante da procuradoria uzbeque, durante uma conferência de imprensa, citado pela agência de notícias Ria Novosti.

A guarda nacional uzbeque, por sua vez, registou 243 feridos nos distúrbios.

Também a União Europeia (UE) pediu já a abertura de uma investigação aos incidentes.

"Reconhecemos as medidas tomadas pelo Presidente Chavkat Mirzoiev para responder rapidamente às preocupações da população sobre as emendas constitucionais propostas", disse um porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) num comunicado na segunda-feira, pedindo "contenção" de "todas as partes" para evitar uma escalada da situação.

O Departamento de Estado norte-americano, através do porta- Ned Price, também apelou hoje às autoridades uzbeques para que lancem uma "investigação completa, fiável e transparente" aos incidentes, "de acordo com as melhores normas e práticas internacionais".

"Apoiamos os esforços do Uzbequistão para implementar reformas democráticas. Apelamos às autoridades para que protejam todos os direitos fundamentais, incluindo de reunião e expressão pacíficas, de acordo com as obrigações e compromissos internacionais do Uzbequistão", disse Price em nota hoje divulgada.

Washington expressa a sua preocupação com os recentes acontecimentos no Karacalpaquistão e "insta todas as partes a procurarem uma solução pacífica para as tensões e a absterem-se de violência".

A UE exortou também as autoridades uzbeques a garantirem os direitos humanos e, especificamente, a liberdade de expressão e associação no país.

O desenrolar destes eventos ainda permanece muito vago, pois as autoridades uzbeques cortaram a maior parte dos meios de comunicação durante os confrontos. Alguns vídeos foram publicados na internet e mostravam pessoas feridas e inconscientes.

No sábado, o estado de emergência foi declarado na região durante um mês. Ao mesmo tempo, o Presidente do Uzbequistão -- país com 35 milhões de habitantes - declarou que iria abandonar a reforma constitucional que retiraria a autonomia da região.

Mirzoiev também acusou os organizadores dos protestos de "se esconderem por trás" de manifestações políticas para tentar "assumir o controlo das instalações oficiais do governo local" e apreender armas.

Também hoje, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, apoiou hoje o seu homólogo uzbeque pelas medidas adotadas após os protestos.

O presidente uzbeque", disse o Ministério das Relações Exteriores do Uzbequistão em comunicado, manteve uma conversa telefónica em que "o presidente russo expressou o seu apoio às medidas resolutas tomadas [por Mirzoiev] para estabilizar a situação no Caracalpaquistão.

De acordo com a entidade diplomática, os dirigentes discutiram "o futuro fortalecimento das relações de parceria e aliança estratégica e a ampliação da cooperação entre os dois países em vários níveis".

Leia Também: Uzbequistão. UE pede investigação independente sobre morte de 18 pessoas

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