"Nós, a família de Shireen Abu Akleh, escrevemos-lhe para expressar a nossa dor, indignação e sentimento de traição pela resposta abjeta do seu governo ao assassínio extrajudicial da nossa irmã e tia pelas forças israelitas em 11 de maio de 2022", assinalou a família numa carta enviada hoje a Joe Biden.
Na missiva, criticaram fortemente as conclusões da investigação norte-americana anunciada na última segunda-feira.
De acordo com um comunicado do Departamento de Estado dos Estados Unidos, divulgado em 04 de julho, a análise de peritos norte-americanos à bala que matou a jornalista da Al Jazzera, de dupla nacionalidade palestiniana e norte-americana, não chegou a nenhuma conclusão definitiva sobre a origem da bala que matou Shireen na cidade de Jenin durante uma operação militar israelita, e estando o projétil "muito danificado".
"Nos dias e semanas desde que Shireen foi morta por um soldado israelita, não apenas não fomos adequadamente consultados, informados e apoiados por funcionários do governo dos EUA, mas as ações do seu governo exibem uma aparente intenção de enfraquecer os nossos esforços por justiça", acrescentou o texto, que citou várias investigações independentes que apontam para a responsabilidade do exército israelita.
A morte da jornalista veterana da Al Jazeera ocorreu durante uma incursão de tropas israelitas na cidade de Jenin, e tanto os meios de comunicação internacionais como as investigações das Nações Unidas descartaram a teoria israelita de que Abu Akleh poderia ter sido atingido por tiros de milícias palestinianas.
"Todas as provas disponíveis sugerem que Shireen, uma cidadã norte-americana, foi alvo de uma execução extrajudicial, mas o seu governo falhou completamente na resposta às expectativas mínimas de uma família enlutada: garantir uma investigação rápida, completa, credível, imparcial, independente, um processo eficaz e transparente que leve à justiça e responsabilização pelo assassíno de Shireen", podia ler-se na carta da família.
Além disso, acusaram o governo Biden de "encobrir qualquer tipo de crime de Israel", "adotar as suas conclusões e perspetivas" e "perpetuar a impunidade".
A família apresentou ainda uma série de pedidos ao presidente norte-americano antes de sua visita à região, de 13 a 15 deste mês e que incluirá reuniões com líderes israelitas e palestinianos.
Os pedidos incluem não apenas uma reunião com a família onde as suas preocupações são abordadas, mas também que o Departamento de Estado retire as conclusões da sua investigação, que os familiares recebam todas as informações reunidas por funcionários dos EUA sobre o caso e que seja iniciada uma investigação do Departamento de Justiça em Washington.
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