As exéquias fúnebres de José Eduardo dos Santos estão a ser negociadas entre a família e o governo angolano, havendo divergências no clã, com alguns dos seu filhos a opor-se à entrega imediata do corpo a Luanda.
O governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado, mas a decisão não foi bem acolhida pelas filhas mais velhas, em particular Tchizé dos Santos
Tchizé dos Santos afirma que essa não era a vontade do pai e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço, o atual presidente, que concorre a um novo mandato nas eleições gerais marcadas para 24 de agosto, estiver no poder.
Numa declaração política divulgada hoje, a UNITA e as forças patrióticas pela alternância (plataforma conhecida como Frente Patriótica Unida) renovam os seus pêsames e mostram-se favoráveis a um "funeral condigno", em que será a família a escolher o momento e o lugar para a sua realização "segundo a tradição africana de Angola, para qual os mortos devem ser honrados e respeitados e o luto da sua família confortado"
A UNITA, em particular o seu fundador, Jonas Savimbi, foi o principal opositor de José Eduardo dos Santos durante os 38 anos em que este governou o país, travando uma longa guerra contra as forças governamentais do MPLA, que só terminou com a morte de Savimbi em 2002.
A UNITA salienta, no seu comunicado que a morte de José Eduardo dos Santos ocorre a apenas 38 dias das eleições, condenando "todos os discursos intimidatórios e ações repressivas por serem contrários ao clima de harmonia, tranquilidade, liberdade, civismo e cidadania que devem caracterizar este momento".
Mostra-se igualmente confiante na vitória das forças da alternância apelando a todos os militantes, simpatizantes e amigos "para estarem vigilantes e não incorrerem em atos de perturbação da ordem pública", sem renunciarem aos seus direitos constitucionais.
Eduardo dos Santos, que morreu na clínica em Barcelona onde estava internado há vários dias, sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência, em relação a Portugal, em 1975.
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