Fonte judicial ligada à filha do antigo Presidente de Angola Tchizé dos Santos disse à Lusa que o juiz que analisa o processo foi muito claro na afirmação de que o corpo só será entregue a uma das partes após essa decisão, sendo que é possível que as autoridades judiciais queiram fazer novas audições à família antes de decidirem a quem entregam o corpo.
"O tribunal foi muito claro na afirmação de que quaisquer notícias que apontem para uma decisão sobre a quem será entregue o corpo são precipitadas porque o juiz ainda não tomou a decisão", disse a mesma fonte.
Questionado sobre o resultado da autópsia que foi feita durante o fim de semana, e cujos resultados já foram comunicados à família na segunda-feira, o responsável escusou-se a comentar até que o juiz decida se o resultado propicia mais investigações judiciais, o que deverá acontecer ainda esta semana, afirmou.
A Lusa contactou também o tribunal de Barcelona que está a analisar o caso, mas ainda não teve resposta.
A garantia de que José Eduardo dos Santos não foi envenenado foi dada pelo Procurador-Geral da República, que integra a delegação angolana que em Barcelona trata do processo de transladação do corpo do ex-Presidente da República para Angola, ao Jornal de Angola e à TVZimbo, ambos órgãos de comunicação social públicos, que, no entanto, não citam qualquer frase de Hélder Pitta Grós.
O ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos morreu a 08 de julho, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento.
O governo angolano decretou sete dias de luto nacional e declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, decisão a que se opõe uma das filhas, Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, pontuada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no governo desde que o país se tornou independente de Portugal em 1975.
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