Os confrontos entre as tribos Hausa e Barti começaram na segunda-feira no distrito de Qissan, antes de cessar e terem sido hoje retomados, com "14 mortos de ambas as tribos devido a disparos de armas de fogo", disse um residente, que pediu para não ser identificado, citado pela agência France-Presse.
Fontes médicas do hospital de Al-Damazine, capital do Nilo Azul, também confirmaram a admissão de cerca de 40 feridos, alguns em estado grave, e apelaram para doações de sangue em toda a região.
Contactados pela agência noticiosa, os líderes das duas tribos rivais confirmaram que havia mortos nos seus lados respetivos, mas recusaram-se a dar números exatos.
Um dirigente Hausa disse, também sob anonimato, que a violência eclodiu porque o seu clã exigiu "a formação de uma autoridade civil local para supervisionar o acesso à terra, o que é recusado pelos Barti".
Do lado dos Barti, um responsável, que também recusou ser identificado, disse que a sua tribo respondeu "a uma violação das terras Barti" pelos Hausa.
"Essas terras são nossas, então se quisermos formar uma autarquia, ela será composta apenas por Bartis e não por Hausa", reforçou.
A região de Qissan e, de forma mais geral, o estado do Nilo Azul, é cenário de uma rebelião desencadeada em 1986.
A guerrilha do sul há muito que era fonte de problemas para o regime ditatorial de Omar al-Bashir, derrubado pelo exército, sob pressão popular, em 2019.
O novo poder militar, resultante de um golpe de Estado dois anos após a queda de Al-Bashir, ainda não fez qualquer comentário aos confrontos de Qissan.
Para especialistas, o vazio de segurança criado pelo golpe militar favoreceu o ressurgimento da violência tribal num país onde anualmente centenas de civis morrem em confrontos entre pastores e agricultores pelo acesso à água ou a zonas de pasto.
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