Anualmente, nesta data, os sul-africanos são chamados a dedicarem 67 minutos em ações de solidariedade e ajuda aos mais carenciados nas suas comunidades, numa alusão aos 67 anos de luta de Nelson Mandela pela justiça social.
"O Dia Nelson Mandela é sobre inculcar uma cultura de serviço que vá para além dos 67 minutos, todos os anos, no dia 18 de julho", salientou ao país Cyril Ramaphosa na sua newsletter semanal.
Nesse sentido, o Presidente sul-africano, que enfrenta duras críticas e apelos à sua demissão do cargo face à governação pelo seu partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC), desde 1994, frisou que a África do Sul encontra-se em "situação difícil", sublinhando que a corrupção "arrancou a alma" do país.
"Estamos no meio de uma crise de energia que está a causar grandes dificuldades. Uma onda de crimes violentos está a aumentar o medo e a insegurança nas comunidades. Mesmo enquanto a nossa economia recupera do impacto da pandemia da covid-19, a pobreza e o desemprego estão a cobrar um preço alto a milhões que lutam para sobreviver. A corrupção arrancou a alma da nossa nação e corroeu severamente o pacto social entre o Estado e os cidadãos", considerou o chefe de Estado sul-africano.
Todavia, Ramaphosa manifestou esperança de que o Dia de Nelson Mandela seja "uma oportunidade para lembrar que esses problemas, como tantos" que os sul-africanos já enfrentaram, disse, "não são insuperáveis" e"podem ser superados".
"Ele [Nelson Mandela] sempre nos lembrou que não existe caminhada fácil para a liberdade e que compartilhamos uma responsabilidade comum pela construção da nação", salientou.
Na ótica do chefe de Estado sul-africano, a construção da África do Sul pós-'apartheid' e democrática "exige que cada um contribua da maneira que puder".
"A defesa da nossa democracia começa com atos individuais, como ingressar num fórum de policiamento comunitário, ser voluntário numa instituição de caridade ou de abrigo, denunciar um crime ou recusar a pagar suborno", adiantou.
"Vamos evocar o 'novo patriotismo' de 'Madiba' [Nelson Madela], onde os sul-africanos estão determinados a trabalhar juntos e a fazer do nosso país uma nação vencedora. Não podemos deixar que outros realizem a África do Sul dos nossos sonhos. O futuro do nosso país está realmente nas nossas mãos", concluiu o Presidente Ramaphosa na sua newsletter semanal.
As mudanças políticas nos últimos 28 anos tiveram um impacto negativo na economia sul-africana, levando à estagnação e à desindustrialização do país, segundo analistas sul-africanos.
Entre as principais consequências, os analistas destacam a fuga de capitais, a emigração de quadros qualificados e elevados níveis de criminalidade, especialmente homicídios, quase idênticos dos de países em guerra.
Dados oficiais indicam que a taxa de desemprego na África do Sul, a economia mais desenvolvida do continente africano, atingiu os 44% no último trimestre de 2021.
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