Serviços secretos apagaram mensagens do ataque ao Capitólio
Os Serviços Secretos dos Estados Unidos (EUA) apagaram mensagens de texto trocadas na época do ataque ao Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, apesar dos pedidos do Congresso e de investigadores federais para a sua preservação.
© Reuters
Mundo EUA
A informação foi confirmada esta terça-feira pelo próprio organismo de segurança, em resposta a uma intimação da comissão que investiga as circunstâncias dos incidentes registados no congresso e o envolvimento do ex-Presidente norte-americano Donald Trump.
A congressista democrata da Florida, Stephanie Murphy, que integra a comissão, adiantou na terça-feira que os Serviços Secretos reconheceram o apagamento numa carta, na terça-feira, detalhando como os telefones da agência foram migrados para um novo sistema nas semanas após o ataque de 2021.
Simultaneamente, a congressista explicou que os Serviços Secretos remeteram aos agentes a decisão relativamente aos registos eletrónicos a manter e o apagar durante o processo.
"Ninguém pelo caminho parou e pensou, 'bem, talvez não devêssemos fazer a migração de dados e dos dispositivos até sermos capazes de cumprir estes quatro pedidos do Congresso'", afirmou Stephanie Murphy em declarações à MSNBC.
A eliminação das mensagens levantou a perspetiva de provas perdidas que poderiam lançar mais luz sobre as ações do então Presidente Donald Trump durante a insurreição, particularmente após o testemunho sobre o seu confronto com a segurança enquanto tentava juntar-se aos apoiantes no Capitólio.
Stephanie Murphy esclareceu que, embora a agência tenha entregado um grande número de registos e documentos, o que a comissão ainda procura é a comunicação eletrónica entre agentes no dia anterior ao ataque e quando uma multidão invadiu o edifício do Capitólio em 6 de Janeiro do ano passado.
"O que eles também disseram é que vão continuar a ver se existem outras formas de assegurar as mensagens de texto requeridas e intimadas que nós pedimos", disse a membro da Câmara dos representantes dos EUA, continuando: "A minha esperança é certamente que encontrem uma forma de encontrar esses textos e responder à intimação".
A resposta dos Serviços Secretos à comissão veio no mesmo dia em que o Arquivo Nacional solicitou que a agência investigasse "a potencial eliminação não autorizada" dos textos.
Os Serviços Secretos disseram que todos os procedimentos foram seguidos e prometeram "plena cooperação" com a revisão dos Arquivos.
"Os Serviços Secretos dos Estados Unidos respeitam e apoiam o importante papel da Administração dos Arquivos e Registos Nacionais em assegurar a preservação dos registos governamentais", salientou o porta-voz da agência, Anthony Guglielmi.
O Arquivo Nacional, que é responsável pela manutenção dos registos governamentais, pediu aos Serviços Secretos que investigassem o alegado apagamento das mensagens e apresentassem um relatório no prazo de 30 dias.
"Através de várias fontes noticiosas, a Administração dos Arquivos e Registos Nacionais (NARA) tomou conhecimento da potencial eliminação não autorizada das mensagens de texto dos Serviços Secretos dos Estados Unidos", disse Laurence Brewer, o chefe dos registos norte-americanos, numa carta ao Departamento de Segurança Interna.
Se for determinado que quaisquer mensagens de texto foram apagadas, a agência deve detalhar que registos foram afetados, uma declaração sobre as razões para esse ato, um plano para estabelecer salvaguardas para evitar perdas futuras, bem como "detalhes de todas as ações da agência tomadas para salvar, recuperar, ou reconstruir os registos", lê-se na carta.
Os Serviços Secretos responderam às críticas, ao dizerem à AP que "a insinuação de que apagaram maliciosamente mensagens de texto na sequência de um pedido é falsa".
O painel de nove membros da comissão dos ataques do dia 06 de Janeiro despertou recentemente um interesse renovado nos Serviços Secretos americanos, na sequência do dramático testemunho da antiga assistente da Casa Branca Cassidy Hutchinson sobre as ações de Donald Trump no dia da insurreição.
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