"É gratificante que Washington e Bruxelas tenham deixado de colocar obstáculos aos acordos hoje alcançados", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo em declaração difundida pelo seu ministério.
A Ucrânia e a Rússia assinaram esta sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos -- já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia -- e devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Segundo Lavrov, "a assinatura do memorando Rússia-ONU demonstra uma vez mais o caráter absolutamente artificial das tentativas do ocidente em atribuir à Rússia a culpa pelos problemas de fornecimento de cereais no mercado internacional".
"Esperamos que sejam adotadas em breve todas as medidas necessárias para o efetivo cumprimento dos ditos acordos", indicou.
O titular da diplomacia externa do Kremlin sublinhou a importância de que a ONU coopere de forma efetiva neste processo e que a comunidade internacional, incluindo os países ocidentais, assumam "uma abordagem construtiva" sobre esta questão.
"Atendendo à importante contribuição dos produtos agrícolas russos e ucranianos nos mercados mundiais, a garantia da sua exportação ininterrupta responde aos prementes desafios de manter a segurança alimentar, em particular nos países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos", assinalou.
Segundo Lavrov, este acordo "deveria contribuir para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo a erradicação da fome".
Em Istambul, e para além do relativo às exportações de cereais ucranianos, também foi assinado outro acordo sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.
Lavrov frisou que, desde o início, as duas propostas estavam incluídas num "pacote" apresentado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e apoiado pela presidência russa, mas Kyiv sabotou a vinculação entre as duas partes.
"Mas apesar de tudo, por fim conseguimos conservar, devido aos esforços da delegação russa, o caráter integral, despolitizado do 'pacote' com o qual se garantiu o maior avanço possível ao encontro dos países em vias de desenvolvimento, os importadores de produtos alimentares", indicou.
O chefe da diplomacia de Moscovo acrescentou que a Rússia "continuará fiel aos seus compromissos nesta esfera".
"A utilização de alimentos por parte dos Estados Unidos e seus aliados em benefício das suas aventuras geopolíticas é inadmissível e inumano", denunciou.
Os acordos desta sexta-feira sobre a exportação de cereais a partir dos portos ucranianos foram assinados pelo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, e pelo ministro das Infraestruturas ucraniano, Oleksandr Kubrakov.
Cada um assinou um acordo, com textos iguais, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.
A cerimónia contou também com a presença do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
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